Crítica | Tinha Que Ser Ele?
Me diga agora, se você já não assistiu algum filme com a premissa a seguir: Ned (Bryan Cranston) leva a família inteira para visitar a querida filha Stephanie (Zoey Deutch) durante o feriado do Natal, mas ao encontrá-la, entra em conflito com o namorado dela, Laird (James Franco), um rapaz excêntrico que ficou rico por causa da internet. Laird terá agora a dura missão de conquistar o pai de sua namorada.
Comédias com essa estrutura não faltam: O Pai da Noiva, Casamento Greg e inúmeros outros abordam a dura missão do genro que precisa conquistar o pai da garota. Em ”Tinha Que Ser Ele?” é notável uma mínima diferenciação dos filmes citados.
Essa diferença está no tipo de humor que o longa se apropria. Uma vez que filmes com um humor mais ”sujo” e tão conhecido como ”humor negro” vêm tomando conta dos filmes de humor americano Vide em ”É o Fim”, ”Vizinhos”. O recurso mais utilizado são as piadas de cunho sexual, mais precisamente utilizando-se das mais diversas gírias para cada órgão genital. Além de uso excessivo e maçante dos palavrões, o que não soa nada natural, uma vez que são utilizados a cada 2 minutos.
John Hamburg é um diretor praticamente desconhecido, o seu currículo é composto majoritariamente de filmes de comédia. Como diretor fez ”Eu te amo Polly”, já atuou em ”Duplex” além de ter sido roteirista dos bons ”Zoolander” e ”Entrando Numa Fria”. Se no papel o diretor parece familiarizado com a comédia, aqui é o oposto. Assinalando o roteiro e a direção, está totalmente frívolo e por momentos, parece comandar tudo do automático.
Se no roteiro tem boas cenas cômicas, preste atenção, as sacadas serão repetidas novamente e novamente, ficando estressante. Como por exemplo as 100 vezes (literalmente) que Leird (James Franco) fala a palavra ”Fock”, em determinado contexto funciona, e até faz parte da ideia do personagem que não consegue parar de falar palavrões, mas, a verdade é que enche o saco.
Os arcos narrativos não sofrem grande mudança, Leird (James Franco) e Ned (Bryan Cranston) têm uma mínima mudança aqui e ali, do início do longa, até seu término. O ponto de virada para essa mudança é ainda mais fraco, solucionando o problema de forma rápida demais. Sem mencionar de cenas que mais parecem esquetes e que em nada funcionam para a trama, se tornando apenas uma possível cena engraçada, no qual sobra vergonha alheia e a pergunta de como aquilo foi parar ali.
A direção não equilibra seu ritmo, parece um filme cansado desde os primeiros 30 minutos de projeção. E o diretor não busca nenhuma melhora, uma vez que filma de forma preguiçosa. Somente no final quando utiliza um plano conjunto para filmar algum diálogo, é que temos alguma diferença na mise-en-scène do filme, criando um espanto de quem estiver mais atento ao filme e a sua parte técnica. Em contraponto talvez funciona para quem não estiver afim de uma história de fato engraçada e se contentar com um stand-up regado a palavrões.
O elenco é razoável, triste menção negativa para Bryan Cranston como Ned, a atuação é fraca, e minimamente forçada. Bryan até certa altura convence como o pai de família ”conservador”, mas, falta química até para com sua própria família. James Franco não tem muito o que fazer, a não ser reprisar os seus papéis anteriores. Destaque somente para o engraçado Keengan-Michael Key (Gustav), que tem bons momentos, além de um presença e timming cômico bem ajustados.
Tinha Que Ser Ele? Não é um desastre total. O longa tem uma trilha sonora legal, hora mescla tendências atuais com clássicos indiscutíveis do rock. Bons momentos de comédia. E notáveis e elogiáveis sacadas humorísticas. O filme tem algumas surpresas quanto a participações especiais, e um final, até certo ponto, diferente do comum.
Não será a melhor forma de gastar o seu dinheiro essa semana, isso sem considerar que estão em cartaz: Logan, Kong, e o recém chegado A Bela e a Fera. Mas, se ainda sim quiser seguir em frente, boa sorte, mas, tinha mesmo que ser esse filme? Rsrs.
Nota: 4.5
Crítica por Igor Pessoa