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Crítica | A Vigilante do Amanhã: Ghost in The Shell (2017)

Em 2015, a DreamWorks havia anunciado uma adaptação em live-action de Ghost In The Shell, mangá escrito por Masamune Shirow em 1989 que resultou numa animação em 1995. Estrelado pela americana Scarlett Johansson, o novo filme conta a história de Major, uma agente especial: a primeira de uma espécie humana cyber-melhorada para ser um soldado perfeito, que lidera a força-tarefa de elite Seção 9, dedicada a deter os mais perigosos criminosos e extremistas. Quando o terrorismo em Tokyo atinge um novo nível, que inclui a habilidade de invadir as mentes das pessoas e controlá-las, Major está determinada a caçar um novo inimigo enquanto desvenda mistérios sobre sua existência durante as investigações.

O diretor Rupert Sanders (Branca de Neve e o Caçador) traz do anime ao filme uma estética belíssima, porém A Vigilante do Amanhã tenta recorrer mimicamente a reconstituição de cenas do anime, dando a esta versão apenas a aparência de autenticidade, que logo se desfaz com algumas revelações estranhas em sua narrativa.

Diferentemente da trama original, Major não tem certeza de sua identidade ou suas origens. Essa é a partida rasa da narrativa de A Vigilante do Amanhã (2017) que aflige o coração do que Ghost in the Shell (1995) é em tudo.

Para explicar melhor, a Major no mangá e anime sabe quem ela é e como ela se tornou uma ciborgue. É um ponto importante na história porque é como Major se concentra em sua identidade central; que enquanto seu corpo é uma máquina, sua mente e alma não são. É por isso que o mangá original foi chamado de Ghost in the Shell, como o “ghost” (fantasma em inglês) é a sua alma na máquina “shell” (concha em inglês) de um corpo. Assim, neste sentido, Major não sabendo quem ela é choca a narrativa e o sentido principal da trama original.

O roteiro do filme sustenta uma estória muito mais mastigada e comercial; repleto de frases de efeito e cenas de ação performadas por uma personagem feminina feroz, com roupas que servirão para atrair em peso o público masculino. Scarlett Johansson consegue entregar o necessário no papel da ciborgue. Sua caracterização como Major a deixa bastante parecida com o que vemos na animação, com uns toques dramáticos que fazem a sua personagem mais real, no entanto, todo esse conjunto ainda assim acaba causando uma certa estranheza devido a etnia da atriz, que nada condiz com a ambientação do filme e com o restante do elenco do mesmo, que é em sua maioria formado por asiáticos.

Junto a Scarlett, o dinamarquês Pilou Asbæk interpreta Batou, seu companheiro de investigações, personagem que aqui sofre também com as alterações na trama; sua caracterização é quase perfeita, porém o personagem recebe uma conotação dramática além do esperado para um ser humano que escolhe viver como uma máquina a serviço do governo. Os demais atores parecem estar ali encaixados de última hora para atrair o mercado asiático.

Em compensação a estes problemas, o visual do filme é deslumbrante. Toda a estética do anime é trazida ao filme de forma fiel e realista. A cidade é retratada como um quadro cyberpunk, repleta de carros e hologramas futuristas extremamente bem trabalhados que dão um show à parte com todo o incrível CGI usado no filme e com o cuidado que tiveram na conversão para o IMAX. O formato é bem utilizado, o aspecto da tela é mantido ao máximo sem perda alguma de qualidade, fazendo com que toda a experiência de imersão seja levada a outro nível, se tiverem como assistir em IMAX, assistam! Vale ressaltar que o 3D não acrescenta nada à experiência do filme.

A Vigilante do Amanhã – Ghost In The Shell é um filme de ação que possui uma proposta interessante e pode abrir portas para novas grandes adaptações das animações japonesas em Hollywood, mas infelizmente não consegue carregar o fantasma genial criado por Masamune Shirow para o belo corpo criado pela DreamWorks Animation.

Nota: 7

A Vigilante do Amanhã – Ghost In The Shell estreia hoje nos cinemas nacionais em 3D e em IMAX 3D.


Crítica por Gustavo Teodosio

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