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Crítica | Vida (2017)

Quando surgiram as primeiras notícias da ficção científica de terror do sueco Daniel Espinosa (Crimes Ocultos, 2015), “Vida“, as comparações com “Alien” de 1979 foram inevitáveis. Quando o primeiro trailer saiu as teorias só se confirmaram. A premissa é simples: um grupo de astronautas de nacionalidades diversas (Jake Gyllenhaal, Rebecca Ferguson, Ryan Reynolds, Olga Dihovichnaya, Hiroyuki Sanada e Ariyon Bakare) descobrem vida em Marte e passam a estudar e cuidar do pequeno Calvin – nome dado a descoberta – para, quem sabe, descobrir novos avanços na área de saúde e melhoria de vida da humanidade na Terra.

É um filme derivativo de Alien? Com certeza. Mas não é só isso. Aliás, o longa é bem produzido e, apesar de não apresentar nada de novo seja em roteiro, seja numa fotografia espacial inovadora (ainda será preciso muito para superar o desbunde visual do recente Gravidade de Alfonso Cuarón), as comparações com o filme de Ridley Scott morrem por aí. E talvez isso seja o que não beneficie tanto o filme.

Da esq. para a dir. Rebecca Fergunson, Jake Gyllenhaal e Ryan Reynolds.

Vida é muito mais um slasher movie do que um filme de ficção científica. Os filmes sci-fi costumam tratar de assuntos mais profundos, questionamentos sobre a vida e a importância de nossa existência, entre outras coisas. Há questionamentos e motivações maiores, algo mais psicológico em suas abordagens, o que não acontece em Vida. O roteiro é fraco e tem certos diálogos tão rasos que são dignos de filmes como Pânico ou Eu Sei o Que Vocês Fizeram no Verão Passado. O elenco é uma das melhores coisas do filme. Apesar de um Ryan Reynolds interpretando a ele mesmo (ou a uma derivação suavizada de Deadpool), o que não chega a atrapalhar o desempenho do filme, todos estão muito bem em seus papeís. Mas não se engane, não há grande desenvolvimento dos personagens ou de suas personalidades e motivações. Bem como num slasher movie, tudo aqui é feito para que não nos apeguemos tanto a eles já que nunca se sabe quem será o próximo a morrer. O texto é frágil, mas não há muletas amorosas, por exemplo, o que é um ponto positivo. A ligação afetiva entre os tripulantes é familiar e não romântica.

Outra coisa que se diferencia do clássico de 1979 é a falta de um protagonista. Não há uma Ripley (papel de Sigourney Weaver) aqui, o que temos de mais próximo a um protagonista é o vilão da trama, a criatura batizada de Calvin.

Rory Adams (Ryan Reynolds) e David Jordan (Jake Gyllenhaal).

Apesar dos altos e baixos, o filme tem um ritmo frenético e acerta na tensão em alguns bons momentos. A trilha sonora por outro lado ajuda em certos momentos e em outros atrapalha bastante, é indecisa. Vai de uma abordagem clássica a uma batida exageradamente moderna. Há uma cena inicial muito bem construída em plano sequência (ou quase, visto que os cortes são extremamente bem mascarados) e alguns planos fechados nos personagens que ajudam na construção do inesperado.

Vida não se aprofunda e não será lembrado por décadas como sua principal inspiração, mas é divertido, tem um ritmo bem constrúido e um elenco que carrega o filme com maestria.

Nota: 6.9

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