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Steven Spielberg | DIRETORES DO CINEMA

No quadro Diretores do Cinema de hoje, vamos falar sobre a carreira de um dos diretores mais populares de todos os tempos, o gênio: Steven Spielberg.

18/12/1946 é um marco para a história do cinema, pois foi o dia em que nasceu o grande gênio cinematográfico: Steven Spielberg.

Filho de judeus, o cineasta estadunidense nasceu na cidade de Cincinnati, mas morou grande parte da sua vida em Phoenix, onde sofria bullyng pelos seus costumes de judeu. Por mais que o preconceito tenha feito parte de sua infância, foi aos 13 anos que ele venceu um de seus primeiros prêmios com um curta-metragem de 40 minutos, que retratava a guerra. Aos 16, fez seu primeiro filme em Super-8, chamado Firelight, que teve um orçamento de apenas 500 dólares e que foi exibido numa sala de um teatro local.

Após produzir outros curtas metragens, Spielberg tentou entrar para o curso de cinema da USC, mas foi rejeitado devido as suas baixas notas no colégio. Então, o jovem diretor foi estudar inglês na Universidade Estadual da Califórnia.

Nessa época, ele conseguiu um estágio na Universal Studios, onde fez sua estréia profissional no cinema com o curta-metragem Amblin, que conta a história de um casal de jovens que se encontra no deserto de Mojave. Esse curta tinha duração de 24 minutos e foi exibido no Festival de Filmes de Atlanta, e foi premiado em festivais importantes como o Festival de Veneza.

Depois do grande sucesso de Amblin e de alguns trabalhos na televisão, Spielberg dirigiu aquele que é considerado o ápice dos filmes blockbusters: Tubarão (1975). Por mais que o diretor tenha enfrentado diversos problemas no set de filmagem – atrasos na gravação, falha nos animatrônicos, etc – o resultado valeu a pena. O sucesso com o público e crítica foi imediato, e definiu o conceito de que “blockbuster não é, necessariamente, um filme ruim”, vencendo três prêmios das suas quatro indicações ao Oscar.

Vendo Tubarão faturar mais de 600 milhões de dólares, os grandes estúdios passaram a investir no modelo que atraía multidões às salas de cinema durante o verão, instaurando um estilo moderno de super produção, com elevados custos de marketing e efeitos especiais.

Após o filme de terror aquático, Steven Spielberg só fez sucessos. Em 1977, o lançamento de Contatos Imediatos de Terceiro Grau rendeu a Spielberg sua primeira indicação ao Oscar na categoria Melhor Diretor e arrecadou mais de 300m por todo o mundo. “Com tomatometer de 95% em base de 44 críticas, o Rotten Tomatoes publicou um consenso: “Contatos Imediatos” possui partes mais emblemáticas (o tema, a escultura-purê de batata, etc) têm sido tão completamente absorvidos pela cultura que é fácil esquecer tratar de estrangeiros como seres pacíficos, em vez de ruins na geração monstros, isso foi um tanto inovador em 1977. ’”

Em 1981, o diretor firmou seu nome entre os melhores diretores de Hollywood. Com a aventura clássica Os Caçadores da Arca Perdida, ele reuniu suas melhores técnicas para realizar aquele que seria um de seus melhores filmes. O filme estreou em 12 de junho de 1981 e rapidamente se firmou como o filme com maiores ganhos do ano, considerado um dos melhores filmes da história e uma das maiores bilheterias de todos os tempos. Foi nomeado para nove prêmios do Oscar, incluindo Melhor Filme e Melhor Diretor. Em 1999, o primeiro Indiana Jones foi selecionado para preservação pelo National Film Registry da Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos, sendo considerado “culturalmente, historicamente ou esteticamente significante”.

A relação de Spielberg com o Oscar é de dar inveja a qualquer profissional do ramo cinematográfico, e nos anos seguintes, isso ficou cada vez mais evidente.

Em 1982, o norte-americano dirigiu o clássico E.T. – O Extraterrestre. Além de conseguir diversas indicações ao Oscar (novamente), o filme registrou a maior arrecadação da história do

cinema até então e ficou marcado na infância de uma geração inteira. É aqui também, que vamos encontrar traços das técnicas mais conhecidas do diretor, como o bom uso da contra luz e dos planos-sequencia.

Antes de emplacar a “trindade 90’s” de sua carreira, Steven passou por um momento de oscilação. Em 1985, com A Cor Púrpura mostrou para a crítica que também era capaz de fazer filmes mais maduros. Com Whoopi Goldberg no elenco, o filme recebeu 11 indicações ao Oscar. Já em 1987, foi a vez de “O Império do Sol” brilhar, conseguindo 6 nomeações aos prêmios da Academia e contando com Christian Bale no início da carreira.

E então, veio ela: a “trindade 90’s”.

A TRÍADE PERFEITA.


JURASSIC PARK – Em 1993 foi lançado um dos filmes mais famosos de Spielberg: Jurassic Park. Com ele, o diretor voltou a quebrar recordes e tornou-se o maior fenômeno de bilheteria do cinema até aquela data.

Diferente do longa de 2015, Jurassic Park, além dos efeitos visuais – “a reconstituição virtual dos dinossauros, para que ‘contracenassem’ com os atores em carne e osso, levou a um estrondoso sucesso de bilheteria, o que apenas confirmou o fascínio que essas criaturas extintas exercem sobre a imaginação das pessoas” – o filme também trabalha com animatrônicos tão realistas, que fazem muitos efeitos visuais atuais ficarem “demasiado horríveis”.

Com a aclamação da crítica especializada, sucesso estrondoso com o público e com três prêmios da Academia, Jurassic Park se tornou o primeiro filme da Universal Pictures e também de Steven Spielberg a ultrapassar a marca de US$ 1 bilhão de arrecadação nos cinemas mundiais.
Na onda de diversos “remakes” que estão sendo produzidos e na falsa impressão de que tudo o que é atual é superior, o longa dirigido por Spielberg se mostra contrário a este senso comum e ainda continua sendo, e sempre será, o melhor filme da franquia e o mais competente, com maior aclamação e melhor atmosfera.

Existe uma grande diferença entre o primeiro filme da franquia, 1993, e a produção mais recente, 2015, chama-se: a experiência de um cineasta. O diretor norte-americano, que possui no currículo duas estatuetas da Academia de Melhor Diretor, ensina, com louvor, como dirigir um filme de suspense e criar uma atmosfera na qual prende o espectador e o faz suspirar até o último minuto.

A LISTA DE SCHINDLER – Eis aqui o ápice de qualidade que está ao alcance das mãos humanas, e Steve atingiu este patamar com louvor. Todas as produções que envolviam temas sobre a 2ª Guerra Mundial, sempre causaram grande alarde e todas são muito aguardadas pelo público e pela crítica especializada. Com A Lista de Schindler, o mundo pode contemplar um relato humano sobre a guerra e seus efeitos psicológicos.

O filme de 1993 é considerado perfeito em todas suas composições. Sendo assim, vamos falar um pouco sobre algumas delas.

A fotografia: “Spielberg decidiu não planejar o filme com storyboards e filmá-lo como um documentário, assistindo documentários como The Twisted Cross (1956) e Shoah(1985) para inspiração. Quarenta por cento do filme foi filmado com câmeras de mão, e o modesto orçamento de 22 milhões de doletas significou que ele foi filmado rapidamente em um período de setenta e dois dias.” “Livrei-me da grua, livrei-me da steadicam, livrei-me das lentes com zoom, livrei-me de tudo que eu possa considerar como um rede de segurança” – disse o diretor.

Como resultado de tal ato ousado, o que vimos foi uma fotografia completamente “verdadeira”: verdadeira ao seu tempo, verdadeira à atmosfera do cenário global naquela época. A escolha pelo preto e branco demonstrou o sentimento popular de tristeza em relação à Guerra.

Os personagens: Temos aqui um dos maiores vilões da história do cinema, que compõe o elenco de um dos filmes mais brilhantes já criados, Amon Göth.

As ações de Amon Göth no campo de trabalho forçado de Płaszów ficaram conhecidas internacionalmente quando o ator britânico Ralph Fiennes o interpretou no filme A Lista de Schindler. Em uma entrevista, Fiennes falou:

As pessoas acreditam que se você fizer um trabalho você precisa assumir uma ideologia que eles tem para viver na vida; elas tem que sobreviver, ter um trabalho a fazer, é cada dia centímetro por centímetro, pequenas concessões, pequenos jeitos de dizer a si mesmo que assim é o jeito de você viver a sua vida e de repente essas coisas acontecem. Quero dizer, eu posso fazer uma decisão privada, isso é um homem horrível, mau e terrível. Mas o trabalho era representar o homem, o ser humano. Há um tipo de banalidade, no dia-dia, que eu acho que é muito importante. E estava no roteiro. De fato, uma das primeiras cenas com Oskar Schindler, com Liam Neeson, era uma cena em que eu dizia: ‘Você não entende o quão difícil é, eu tenho que pedir vários metros de arame farpado e tantas cercas, mover tantas pessoas de A para B’. E, você sabe, ele estava liberando a pressão sobre as dificuldades do trabalho. Eu fiquei próximo de sua dor. Dentro dele está um ser humano fraturado e miserável. Sinto-me dividido sobre ele, pena por ele
Fiennes ficava tão parecido com Göth usando o figurino que quando Mila Pfefferberg, uma sobrevivente dos eventos, o viu, ela imediatamente começou a tremer de medo; “Ela não viu um ator. Ela viu Amon Göth”, disse Spielberg.

Por sua interpretação surpreendente, Fiennes ganhou o BAFTA de Melhor Ator Coadjuvante e foi indicado ao Oscar pelo papel.
Em 2007, o American Film Institute elegeu Schindler’s List como o oitavo melhor filme americano da história. É considerado pela crítica especializada como um dos melhores filmes já feitos.

O RESGATE DO SOLDADO RYAN – O feito de Steven Spielberg é simplesmente espetacular e justifica o porquê ele é considerado como o diretor com mais filmes na lista dos Melhores Todos os Tempos, tornando-o assim: o diretor mais influente da atualidade.
Com O Resgate do Soldado Ryan, o diretor norte-americano atinge o supra-sumo do contraste da narrativa perfeita, pois em seus primeiros 27 minutos, ele reforça o mérito de toda a aclamação que recebeu.
A cena que retrata o ataque costeiro na Praia de Omaha é considerada a “melhor cena de batalha de todos os tempos” – todo espectador, até o menos crítico deles, se encontra ofegante e excitado ao final da cena: as explosões, os tiros, cada soldado mutilado sem membros corporais, os planos fechados, a câmera tremida, a fidelidade ao fato, a direção de arte estupenda e a mixagem de som digna do Oscar consolidam o longa como uma dos melhores filmes já produzidos.

A cena de abertura custou doze milhões de dólares e envolveu mais de 1.500 pessoas; câmeras sub-aquáticas foram usadas para retratar melhor os soldados sendo atingidos na água; quarenta barris de sangue falso foram usados para simular os efeitos do sangue na água marinha – aliados a espetacular fotografia cinza de Janusz Kamiński, com o uso louvável da steadycam, fazem com que adjetivos tornam-se insuficientes.

O filme também marcou o início da parceira de sucesso entre Steven e Tom Hanks.

Já no século XXI, o diretor lançou A.I. – Inteligência Artificial (2001), que não agradou muito a crítica, mas foi bem recebido pelos fãs do diretor. No ano seguinte, em 2002, Spielberg surpreendeu o público com o ótimo Prenda-me se For Capaz, filme que marcou mais uma obra parceria de sucesso e trouxe DiCaprio em ótima performance.

Após transitar entre a direção e a produção, onde também obteve sucesso produzindo filmes como Poltergeist (1982), Gremlins (1984), Os Goonies (1985), a trilogia De Volta Para o Futuro e MIB – Homens de Preto (1997), Steven Spielberg mantém-se firme do posto de melhor e mais influente cineasta da atualidade. Seu trabalho mais recente foi o drama sobre a Guerra Fria: Ponte dos Espiões, em 2015.

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Lucas Matias

Aspirante a cineasta, intercambista e criador do insta: @_ocinefilo

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