Michael Bay possui uma longa carreira como diretor e produtor. Com clássicos entre o público como Bad Boys (1995), Armagedom (1998) e Pearl Harbor (2001), sua fama de “diretor explosivo” só se intensificou ainda mais com os filmes da franquia Transformers.
Porém, apesar de filmes amados pelo público, como o próprio Armagedom, a crítica não costuma ser muito fã do trabalho de Bay (é só conferir seu nome no Rotten Tomatoes). Mas será que o diretor faz por merecer tal fama? Bom, isso é assunto para outra matéria. Não é isso que vamos discutir aqui, mas sim seu último trabalho.
Eu poderia resumir dizendo que “Transformers: O Último Cavaleiro” não funciona. Ponto. Mas são tantos os níveis em que o filme falha que é preciso dar um norte e pontuar certos problemas.
É de costume da franquia um certo tom cômico ao estilo Marvel Studios de fazer filmes. No entanto “O Último Cavaleiro” não se decide. Ao mesmo tempo em que ele se vende como o mais sombrio dos cinco, ele tenta inserir piadinhas a todo momento que não funcionam. Nenhuma piada funciona aqui. O início do filme vem com uma narração mostrando um conflito medieval na época do Rei Arthur, com direitos a cavaleiros da távola redonda e o famoso Merlin (Stanley Tucci). E o que era para ser uma retomada histórica séria na trama, se transforma rapidamente num início pífio com um Merlin afetadamente bêbado e completamente destoante do que está sendo mostrado.
Após esse início, somos apresentados a pequena Izabella (Isabela Moner), uma garotinha orfã que vive num ferro velho consertando transformers danificados. Não bastasse o clichê onde uma menina aparentemente independente se liga emocionalmente ao protagonista, Cade Yeager (Mark Wahlberg), que meio que a adota paternalmente na falta da filha a qual não pode se comunicar, o roteiro é cheio de ganchos para tentar emocionar o público com Moner sempre de olhos marejados sem grandes motivos que justifiquem. Receita de música triste e atuação sem base sólida: menos 5 pontos, Mr. Bay.
Obviamente não podemos esquecer que Transformers é um blockbuster explosivo e que o grande atrativo são suas cenas de ação, mas isso não quer dizer que o roteiro não faça diferença. Quem assina o roteiro deste é Art Marcum e Matt Holloway (Homem de Ferro) e Ken Nolan (Falcão Negro em Perigo), porém é sabido que existe uma força tarefa de roteiristas para controlar o universo cinematográfico de Transformers. Além de Marcum, Holloway e Nolan, Akiva Goldsman (Uma Mente Brilhante), Zak Penn (Jogador Número Um), Lindsey Beer (Barbie), Geneva Robertson-Dworet (Tomb Raider), Christina Hodson (Bumblebee), Steven DeKnight (Demolidor, Smallville), Jeff Pinkner (O Espetacular Homem-Aranha 2, Lost) e a dupla Andrew Barrer e Gabriel Ferrari (Homem-Formiga), todos estão envolvidos nesse universo.
A questão é que o quinto longa da saga parece um recorte de vários filmes. Além da receita já conhecida do público, vemos uma trama nos moldes de “O Código Da Vinci” com mistérios bobos e resoluções óbvias, as quais desperdiçam um ator do calibre de Anthony Hopkins para guiá-las. Além do mais, temos novamente uma personagem feminina mal inserida – não, não é a Megan Fox, só parece, seu nome é Laura Haddock – para tentar ligar toda uma mitologia (e só pra isso) e, novamente, mal construída.
Aliás, é interessante falar um pouco sobre Vivian, a personagem de Laura Haddock. Após tantas críticas sobre o suposto machismo do diretor, suas polêmicas com atrizes como Megan Fox e Kate Backinsale, e até mesmo sendo chamado de “Trump Hollywoodiano”, em comparação com o atual presidente dos EUA, essa personagem parece vir numa tentativa de empoderamento feminino onde Vivian é uma bem sucedida historiadora (entre outras coisas), que não precisa de homem para se sentir realizada e é completamente independente. Mas até isso é um tanto equivocado já que em contrapartida tem uma mãe que reafirma o tempo todo que ela não consegue um homem há tempos, além de empurrar a filha para qualquer um que apareça. Fora que todo o “empoderamento” da personagem vai por água abaixo quando Mark Wahlberg tira a camisa. Novamente, roteiro.
Não entrarei em mais detalhes para não estragar o restante da trama. Em termos técnicos tem umas poucas cenas de ação interessantes que abusam da camera lenta para mostrar as transformações dos robôs, essas sim são sempre legais de ver, mas no mais é genérico. Sem inovações. O 3D, mesmo em IMAX, não é das melhores vivências pois, novamente, por o filme ser extremamente picotado, não traz uma experiência muito imersiva.
Com quase duas horas e meia de duração, “Transformers: O Último Cavaleiro” é o filme mais inconsistente da franquia deixando várias pontas soltas, trazendo personagens extremamente desinteressantes e abrindo espaços de qualquer jeito para mais filmes da saga.
Nota: 3.5/10
O filme já estreou nos EUA e chega nas telas brasileiras essa semana, dia 20 de julho de 2017.
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