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Crítica | IT – A Coisa (2017)

Em 1988, num dia chuvoso de setembro na cidade de Derry, o jovem Georgie Denbrough (Jackson Robert Scott) desaparece misteriosamente depois que ele saiu de casa para brincar com um barco de papel que seu irmão mais velho, Bill (Jaeden Lieberher), fez para ele.
Vários meses depois, no início do verão de 1989 (e no final do ano letivo), Bill reúne seus amigos – que juntos formam um grupo conhecido como o The Losers’ Club – para tentar encontrar seu irmão mais novo que está desaparecido há meses, apesar de seus pais terem decidido aceitar que Georgie está morto e se foi. No entanto, no processo de busca por Georgie, o The Losers’ Club, junto aos novos recrutas Beverly (Sophia Lillis), Mike (Chosen Jacob) e Ben (Jeremy Ray Taylor), descobre o real motivo para Derry ser uma cidade tão aterradora: a rede de esgoto da cidade é o lar de uma criatura aparentemente imortal que pode mudar de forma e se alimenta de crianças assumindo a forma do Palhaço Pennywise (Bill Skarsgård).
Quando as crianças percebem que Pennywise ganha força alimentando-se de seus próprios medos, cabem aos jovens se unirem para combater seus demônios, tanto dentro como fora do mundo exterior, se quiserem permanecer vivos.
Elenco infantil em cena de “IT – A Coisa”.
A história do Palhaço Pennywise é a segunda adaptação do best-seller de mesmo nome escrito por Stephen King (publicado pela primeira vez em 1986), a nova versão IT passou vários anos em desenvolvimento sob o olhar atento do cineasta Cary Fukunaga (Beasts of no Nation) antes de finalmente levá-lo para a tela grande com Andy Muschietti (o diretor da “Mama”) no comando.
Os fãs do material original de Stephen King podem ficar tranquilos. King é autor de grandes histórias de horror e thrillers que inspiraram diversos filmes e séries de TV, mas em geral a maioria dessas adaptações possuem um registro irregular reconhecido até mesmo pelo próprio autor. Apesar do seu processo de pré-produção conturbado e da mudança no pessoal criativo, o novo IT é uma das melhores interpretações cinematográficas da escrita de King e certamente a melhor produzida nos tempos modernos. Como uma parábola de terror, IT é um resultado positivo da transcrição fiel do horror presente no material de origem e também emocionante, mesmo adaptando apenas metade da história original.
O Palhaço Pennywise em cena de “IT – A Coisa”.
Em termos de narrativa, IT é mais uma parábola de fantasia e mistério do que uma peça “assustadora” de cinema, o que pode decepcionar alguns. Apesar de fazer apenas algumas mudanças significativas no texto original – em particular, atualizando o período em que os membros do Losers’ Club se reúnem, da década de 1950 para os anos 80 -, quando se trata de transmitir sustos, o diretor Muschietti não está operando no mesmo nível que os melhores diretores de terror atualmente (como James Wan, David F. Sandberg e Fede Alvarez), em termos de construção de sequências mais densas e momentos assustadores constantes (por exemplo, os famosos jumpscares). No entanto, o diretor oferece imagens mais abertamente perturbadoras e uma substância narrativa recheada de terror psicológico que muitos outros filmes de terror hoje em dia, conseguindo ser mais “horrível” do que seus concorrentes, apesar de ser menos “assustador”.
O roteiro de IT é creditado a Fukunaga e seu parceiro de redação Chase Palmer, bem também como Gary Dauberman (Annabelle 2: A Criação do Mal), e explora bem os mesmos temas do sofrimento e do trauma da infância como o romance original de King. Mesmo sendo recheado de momentos de descontração com o tempo de diversão das crianças, nunca é deixado de lado o mal que deve ser confrontado ativamente através da cooperação mútua e da confiança.
Cena de “IT – A Coisa”.
A adaptação cinematográfica de Muschietti acerta ao fazer jus aos elementos da escrita de Stephen King que tem tomado uma maior relevância ao grande público atualmente devido ao sucesso das referências utilizadas na série Stranger Things (Netflix, 2016 -), e também graças, em grande parte, aos jovens e carismáticos atores que trazem várias as personalidades do The Losers’ Club. Entre o determinado Bill (Jaeden Lieberher), a gentil Beverly (Sophia Lillis), o irônico Ritchie (o Finn Wolfhard de “Stranger Things”), o intelectual Ben (Jeremy Ray Taylor), o corajoso Mike (Chosen Jacobs), o prático Stanley (Wyatt Oleff) e o hipocondríaco Eddie (Jack Dylan Grazer), cada personagem tem uma história de fundo bem trabalhada e contada no tempo certo, além dos atores possuírem uma química fácil de animar o público, pois eles enfrentam também os terrores da vida real em contraste a variedade fantástica e cotidiana em sua aventura.
Bill Skarsgård como o Palhaço Pennywise.
Enquanto IT explora a dor e o sofrimento das crianças com profundidade suficiente (alguns, como Bill e Beverly, mais do que outros) para fazer suas experiências e os personagens se sentindo fundamentados, tem menos sucesso em fazer com que os adultos que povoam Derry se parecerem igualmente tridimensionais. Apesar da obra original ter servido como inspiração para a série Stranger Things, a versão de 2017 de IT consegue ganhar apenas com o seu elenco infantil, e fica aqui a dúvida se a formula consegurirá ser replicada ou melhorada com o mesmo sucesso na já confirmada sequência que contará com os personagens 27 anos mais velhos.
Nota: 8.5
“IT – A Coisa” estreia nos cinemas nacionais no dia 7 de setembro.
Confira o trailer do filme:

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