“O Nome da Morte”, filme de Henrique Goldman (Jean Charles), é baseado no livro homônimo de Klester Cavalcanti, um documento real sobre a vida de Júlio Santana, matador de aluguel do interior do país que coleciona surpreendentes 492 mortes no currículo.
O longa começa com uma cena de ação em que Júlio (Marco Pigossi em sua estreia no cinema) tenta escapar depois de uma de suas mortes por encomenda. A cena é breve e logo vemos a juventude do personagem ao lado dos pais e seus dois irmãos numa casa humilde do interior. Dito isso, o filme se desenrola apressadamente para a ida de Júlio a capital com seu tio (André Mattos) da polícia militar.
Tudo é extremamente corrido sem um maior aprofundamento dos personagens, seus questionamentos ou motivações. Aliás, esse é um dos grandes problemas do filme. Em coletiva de imprensa no último dia 25, em São Paulo, o diretor argumentou sobre todas as coisas que queria passar com o filme, todos os questionamentos que queria discutir. Porém é visível a falha entre execução e ideologia.
O filme se perde em detrimento da ação. Não se aprofunda em absolutamente nada. Não discute os motivos ou a falta de educação e oportunidades de uma (grande) parcela da população; ou os problemas de impunidades; tampouco explora a questão dos matadores existentes em todo o país, ou mesmo os casos onde matadores foram claramente contratados (Mariele, por exemplo, é um caso é típico desse tipo de serviço), casos políticos e de queima de arquivo, muitas vezes envolvendo a própria polícia, o filme inclusive mostra esse envolvimento, mas se nega a discutir. O longa se perde no “se“. Ele insinua muito, mostra pouco e discute quase nada.
Vemos um viés religioso por parte do protagonista e de sua esposa Maria (papel da sempre bem Fabiula Nascimento), mas esse também é apenas uma fuga.
Há cenas promissoras, mas geralmente alguma cena de ação que poderia ser ainda melhor e mais tensa não fosse uma péssima trilha sonora que tenta o tempo todo nos dizer o que sentir e, pior!, prediz o que ocorrerá na cena seguinte.
A relação de Júlio e seu tio talvez seja a parte mais interessante do filme, porém o tom caricato de André Mattos muitas vezes prejudica uma maior imersão. No mais, os atores estão bem e trabalham como podem com aquilo que o roteiro proporciona.
“O Nome da Morte” perde uma grande oportunidade de discutir importantes assuntos num momento de grande apelo político, e acaba por justificar erroneamente como vítima a história de um personagem que, com 492 mortes, continua impune no interior do Maranhão. Uma decepção como documento real, uma decepção como documento cinematográfico.
O Nome da Morte estreia hoje, 02 de agosto, nos cinemas.
Nota: 4/10
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