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A Arte de Emmanuel Lubezki

A história mundial contém diferentes nomes que elencam o panteão daqueles que tiveram grandes feitos entregues à humanidade. Se pararmos para analisar os grandes da história do cinema, lá estarão alguns diretores de renome como Billy Wilder, Stanley Kubrick, Martin Scorsese, Steven Spielberg, Francis Ford Coppola, Quentin Tarantino…

Em outra mão, os artistas que ganharam mais visibilidade por estarem sempre a frente das câmeras, emprestando suas faces aos filmes que mais amamos: Humphrey Bogart, Katharine Hepburn, James Stewart, Audrey Hepburn, Marlon Brando, Clint Eastwood, Sidney Poitier, Jack Nicholson, Meryl Streep, Dustin Hoffman, Al Pacino, Robert De Niro…

Mas e quando falamos literalmente daquele que está fixo atrás das câmeras? Um diretor de fotografia nem sempre é lembrado, as pessoas simplesmente dizem “que cena linda!”. É certo que os nomes de Robert Richardson, Conrad L. Hall, Vittorio Storaro, Janusz Kamiński e, claro, Roger Deakins serão lembrados SIM!!!

Contudo, em 10 anos, ninguém alcançou tamanha repercussão pelo trabalho (leia-se “arte”) desempenhado quanto Emmanuel Lubezki, mexicano nascido em 30 de novembro de 1964. Estes 10 anos ao qual me refiro, teve seu pontapé em 2006, quando ele chocou a crítica pelo seu trabalho realista em “Filhos da Esperança”, e teve um desfecho, ainda que temporário, em 2016 com o magistral “O Regresso”.

Gravidade: aqui Lubezki, em parceria com o diretor Alfonso Cuarón, simula o ventre de uma mãe grávida em meio a catástrofe espacial acometida pela personagem principal.

Trabalhando frequentemente com 3 dos maiores diretores em atividade – Terrence Malick, Alfonso Cuarón e Alejandro G. IñárrituLubezki foi diretor de fotografia de obras primas como “A Árvore da Vida”, “Gravidade”, “Birdman” e “O Regresso”.

São mais de 140 prêmios conquistados, a maioria pelo trabalho entre 2012 e 2016, quando fotografou estes 4 últimos. Para se ter uma dimensão de suas conquistas, são 5 prêmios da American Society of Cinematographers, 4 Baftas Awards e 3 Oscar (em 8 indicações), sendo que em todas estas premiações Lubezki se saiu vencedor em 2014, 2015 e 2016, quando fotografou a odisseia espacial de Cuarón (Gravidade), a briga de ego na classe artística de atores da Broadway (Birdman) e a jornada por vingança de DiCaprio contra Hardy quando somos imersos na natureza gelada (O Regresso).

Birdman e seu falso take único por mais de 80% do filme. Trabalho meticulosamente arquitetado em parceria com o diretor Alejandro G. Iñarritú.

E por falar nestes três últimos longas, eis aqui o motivo para os louros: em “Gravidade” Lubezki inicia a projeção com nada mais, nada menos que um take único de 12 minutos e meio, sem qualquer corte de edição, sem falar na alusão ao ventre de uma mãe grávida quando Sandra Bullock se despiu de sua roupa de astronauta. No ano seguinte, por “Birdman”, ele foi além, já que a projeção passa a sensação de um filme sem nenhum corte de edição em mais de 80% dele. E finalmente, a arte, no melhor sentido da palavra, é atingida aqui, uma vez que o mestre filmou “O Regresso” inteiramente através de luz natural, prática extremamente rara em qualquer produção.

O Regresso: luz natural e câmera subjetiva onipresentes.

Emmanuel Lubezki é, sem sombra de dúvidas, um dos grandes artistas vivos do cinema mundial e, atualmente, o melhor diretor de fotografia. Em meio a Spielberg, Tarantino, Washington, Streep, Downey Jr, Nolan, apenas para citar alguns exemplos de nomes vivos que têm aquela força dentro da indústria, poucos têm um trabalho tão sólido e primoroso quanto o do Sr. Chivo.

Que venham os próximos anos. Os fãs agradecem, já que, em tempos blockbusters, refilmagens e sequências forçadas, esse tipo de trabalho parece ter sido esquecido quando o correto seria apreciar o novo e o que realmente é tido como arte e, aqui, nobres leitores, como dito antes, temos um ARTISTA VIVO!

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