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Coluna | Tonya Harding e a violência psicológica

No início deste ano, o filme Eu, Tonya estreou nos cinemas brasileiros. O longa conta a história de Tonya Harding, uma famosa patinadora norte-americana, acompanhando sua trajetória nos ringues de patinação, além da sua relação abusiva com o marido e com a mãe.

Desde pequena, Tonya sempre demonstrou um brilhantismo no ringue, o qual foi investido fortemente por sua mãe –com quem mantém uma relação extremamente conturbada. Como se não fosse suficiente, Tonya entra em mais outra relação abusiva, dessa vez com seu primeiro namorado e marido, Jeff Gillooly. A relação é um clássico e expressivo exemplo da violência doméstica, mostrando todos os seus estágios, desde a primeira agressão, passando pelo perdão e chegando na quase fatalidade.

Fica evidente, no decorrer do filme, como a mente de Tonya é afetada por tudo que ocorre em sua vida. Apesar das agressões sofridas pelas mãos do marido, ela não se afasta. Tonya se encontra no que acredita ser uma relação de dependência, se enxergando incapaz de cortar os laços. E essa, infelizmente, é a realidade de muitas mulheres no mundo. A situação vivida por Tonya Harding é um claro exemplo do poder de um relacionamento abusivo, seus graves efeitos e a grande dificuldade de notá-lo e termina-lo.

Tonya Harding (Margot Robbie) e Jeff Gillooly (Sebastian Stan)

Além disso, por ser de uma classe mais baixa, Tonya sempre enfrentou preconceitos por sua aparência e falta de requinte nos figurinos. Apesar de possuir inegável talento, foi muitas vezes penalizada por não possuir os requerimentos de beleza adequados ao padrão. Nesse sentido, o filme demonstra uma pesada crítica ao clássico padrão americano, com sua valorização do superficial e da ditadura da beleza, utilizando Tonya Harding como um notório exemplo.

Intrigante e surpreendente, a história da patinadora norte-americana logo foi esquecida em meio ao nosso mundo ávido por novas polêmicas e celebridades para serem cultuadas. Hoje, cabe a nós, espectadores, aprender com a história de Tonya Harding. Não apenas sobre a sua persistência e determinação, mas, essencialmente, sobre a dimensão da violência, física e psicológica, contra a mulher. Já passou do momento para que esse tipo de agressão passe a receber seu devido valor e atenção.

“América. Eles querem alguém para amar, alguém para odiar. Eu fui amada por um minuto, e logo depois odiada. E então eu era apenas um ponto na história.”

Tonya Harding

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