“Como podemos ter tempo quando o tempo é que nos tem?”
Após uma primeira temporada sólida, a série alemã de ficção científica chamou a atenção do mundo pela qualidade de seu roteiro, direção e montagem. Acrescentando novos elementos à mitologia de viagem temporal e paradoxos temporais, o nó na cabeça é certo ao acompanhar os personagens da pequena cidade de Winden, os acontecimentos em uma usina nuclear e o desaparecimento de crianças sem deixar nenhum rastro.
A nova temporada continua desenvolvendo a trama iniciada em 2019 e revelando novos segredos enquanto personagens são introduzidos e os coadjuvantes ganham mais tempo em tela. Agora, descobrimos mais do passado de Noah (Mark Waschke) e suas ligações com os pulos temporais que observamos durante a série, ao mesmo tempo em que Jonas (Louis Hofmann) luta no futuro para retornar para o seu passado, mas mexe com uma força que está longe de entender.
A série não apressa para revelar detalhes da trama. Toma o seu tempo e vai aos poucos soltando informações para que o espectador fisgue e tente com dificuldade tecer o enredo bagunçado a primeira vista. O momento em que os segredos deixam de ser um gatilho para a história e passam a ser o centro dela é uma escolha lógica, mas que amarra o ritmo da temporada, dando a impressão de que alguns episódios têm umas cenas excedentes ali. A escolha de guiar a narrativa com foco no acontecimento que culminará em um novo ciclo temporal é utilizado de forma coesa e ajuda a amarrar as pontas que ficaram soltas na primeira temporada e ficarão até a terceira, que muito em breve deve ser confirmada.
A série continua com uma direção muito firme e atuações ainda melhores, com destaque para o Louis Hofmann, que interpreta o Jonas Kahwald em sua versão jovem, desenvolvendo novas camadas enquanto o personagem “cresce”. e exceção dos personagens Magnus Nielsen (Christian Hutcherson) e o Bartosz Tiedemann (Paul Lux) que continuam meros figurantes chatos que aparecem o tempo inteiro e que poderiam ser retirados da história sem nenhuma perda.
O novo ano de Dark não traz ares novos para a série, mas desenvolve e expande o universo de forma promissora e com maestria, continuando uma série excepcional e uma das melhores produções originais Netflix.
Nota: 9,0
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