Dia 21 de novembro estréia nos cinemas brasileiros Um Dia de Chuva em Nova York, o mais recente filme roteirizado e dirigido por Woody Allen.
Antes de mais nada, quero contextualizar um pouco da trajetória dessa história que correu o risco de não ser lançada pela Amazon; produtora dos últimos dois filmes de Allen, Café Society (2016) e Roda Gigante (2017). Tal atitude foi uma das inúmeras reações após as acusações de Dylan Farrow, filha de Woody Allen e Mia Farrow, sobre os supostos abusos sexuais que o pai cometeu quando ela era criança; motivadas pelo movimento #MeToo.
Além da distribuição, uma onda de retaliação inclusive dos atores presentes no filme, fez com que três deles, Rebecca Hall, Timothée Chalamet e Selena Gomez; abrissem mão da quantia total de seus cachês para instituições de caridade anti-abuso. Além desses atores, alguns outros manifestaram arrependimento de ter trabalhado com o diretor após as acusações; enquanto outros defendem a inocência dele, como o caso de Scarlett Johansson.
Dito isso, falemos agora sobre o filme em si.
Um Dia de Chuva em Nova York trás a historia de Gatsby (Timothée Chalamet) que acompanha a sua namorada Ashleigh (Elle Fanning), em um final de semana romântico na cidade de Nova York. Viajando para um trabalho de faculdade, a jornalista Ashleigh recebe uma oferta de “furo de reportagem” do melancólico diretor de cinema Roland Pollard (Liev Schreiber). Gatsby, encontra Chan (Selena Gomez), a irmã mais nova de sua ex-namorada, em um trabalho de faculdade de cinema. A história se desenrola, com outros vários personagens que impedem a realização do final de semana romântico do casal inicial.
O filme não apresenta, em certo ponto, nenhuma linguagem muito diferente das outras obras de Woody Allen. Um protagonista com conflitos psicológicos e um estilismo vintage, romances furtivos, pessoas e discussões muito inteligentes. O que não é ruim, e traz um certo conforto pra quem gosta das obras. Além disso, a homenagem chuvosa a cidade é bem acolhedora.
Na fotografia, ele utiliza, em um tom um pouco mais controlado, as mudança de luz e cor conforme os personagens mudam seu sentimento ou exposição, como foi utilizado sem nenhum pudor em Roda Gigante (2017).
Além disso, o casting principal conta com três estrelas jovens, com diálogos muito bem fundamentos, apesar de um certo estereótipo proposital, que não se limita a tentar reproduzir uma suposta linguagem jovem. Os atores mais velhos possuem papéis pontuais que ajudam a desenrolar a trama, trazendo uma carga profunda a personagens que algumas vezes possuem no máximo três cenas.
Na trama, o diretor não tem receio de abordar temáticas inclusive que levaram a toda a repercussão negativa, como o relacionamento de garotas com homens muito mais velhos. O que em alguns momentos causa desconforto pra quem acompanhou toda a história.
O longa é bem escrito, possui uma atmosfera romântica e mágica novaiorquina em grande parte da sua trama, e entrega ao fim um filme leve, apesar de todos os pesares.
Nota:7.5
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