Um filme político que não é apenas um filme político. Spielberg entrega mais uma vez um filme consistente, com uma boa história pra contar e ótimas interpretações; Meryl Streep vivendo Kay Graham, primeira mulher a ser editora-chefe do Washington Post, volta a entregar uma personagem rica, tridimensional e interpretada sem grandes afetações pela atriz, enquanto Tom Hanks também entrega uma atuação interessante como Ben Bradlee, ajudando assim a manter o alto nível do filme.
A história gira em torno da publicação de documentos secretos do governo americano a respeito da guerra do Vietnã. Desde os minutos iniciais de The Post, fica clara a posição do governo em relação à guerra, optando por continuar em um conflito do qual tem a consciência da inviabilidade. A mesma medida que o filme se preocupa em estabelecer de maneira fácil e quase didática os acontecimentos, também leva seu tempo para construir a relação de suas personagens principais, interpretados por Meryl Streep e Tom Hanks. A relação das duas personagens é uma peça fundamental no filme, que consegue estabelecer uma conexão com o público ao apresentar as duas de maneira eficiente, trabalhando sempre pequenas nuances que podem passar despercebidas, como diálogos que aparentemente não avançam a trama, mas ajudam a estabelecer bem o caráter e até mesmo falaam pouco do background de cada personagem sem se entregar a soluções expositivas.
Embora o lado político seja fundamental no desenvolvimento da trama, afinal, é sua espinha dorsal, The Post brilha por conseguir apresentar um conflito palpável quando toca nas tramas pessoais, especialmente no que se trata da personagem de Meryl Streep, que inicialmente não se mostra muito segura na posição em que se encontra depois da morte de seu marido, tendo que assumir o comando do jornal da família e optando por abrir o capital da empresa. Em vários momentos o roteiro e a interpretação se completam de maneira excelente, mas em outros, o filme perde um pouco da sua sutileza na tentativa de deixar ainda mais evidente a posição em que a personagem se encontra sendo uma mulher em um espaço machista e dominado por homens.
The Post é um filme coerente desde as atuações, história e direção. Mesmo tendo um ritmo bastante particular consegue ser envolvente por trabalhar muito bem o desenvolvimento de suas personagens. A montagem da trama trama e seus diversos elementos fazem toda a diferença tornando ela uma história fácil de se acompanhar, mas nunca rasteira ou sem gravidade.
Nota: 9,0
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