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Crítica | Black Mirror: Bandersnatch (2018)

Existe alguma série melhor, para se fazer um “evento” interativo, que Black Mirror? O primeiro filme interativo da Netflix está disponível e nós já conferimos o resultado assustador que é Black Mirror: Bandersnatch.

Se trata de um suspense com doses de terror. A história acompanha Stefan, um jovem programador que desenvolve seu primeiro jogo baseado em um livro homônimo, Bandersnatch. O game promete dar grande liberdade ao jogador para escolher as direções da trama conforme preferir. Mas no desenrolar do processo, Stefan percebe que ele não está no controle de suas ações.

O Sistema

O sistema de escolha é bem simples e funcional. Logo no início do filme temos um pequeno VT que explica o que fazer quando algo interativo aparecer na tela. É só manter o mouse ou controle sempre em mãos que dá tudo certo. As interações vão desde escolhas aparentemente pequenas, como o que personagem vai comer ou ouvir, até bem complexas como quem morre e de que forma.

A sensação de escolha e o peso de suas ações vão se intensificando na medida em que a trama vai se desenrolando e mergulhando cada vez mais fundo no intenso mundo criado. Então se prepare para se ver várias vezes no dilema do trem.

O roteiro

O roteiro de Charlie Booker (showrunner da série) merece destaque. Incrivelmente cuidadoso, não possui furos aparentes e se adapta perfeitamente a cada escolha que fazemos. Por não ser verborrágico, dá escopo para os atores comunicarem com gestos e feições, enriquecendo a história da trama, que não é a mais complexa da série. Claro, que com toda a complexidade técnica, contar umas história como “Natal”, da 2ª temporada, seria impossível.

A fotografia e a arte têm sempre papel decisivo nos episódios de Black Mirror. Em Bandersnatch não seria diferente. A reconstrução de época está impecável, os objetos de cena e dressings, alinhados com a fotografia fria e dura, ajudam na imersão da realidade dos anos 80, na efervescência da tecnologia e suas dúvidas.

As Atuações

O filme conta com um elenco sem estrelas. Fionn Whitehead (Dunkirk) e Will Poulter (O Regresso), protagonista e coadjuvante relevante respectivamente são os destaques do filme. Whitehead entrega uma interpretação funcional, porém morna e que não convence em cenas de psicopatia, em que, inclusive, é possível perceber a mão do diretor David Slade deslizar um pouco. O Will Poulter está confortável em seu personagem e temos um personagem interessante, mas que não é devidamente explorado. Ele é um catalizador e está ali para fazer as ‘engrenagens da realidade funcionar’.

Black Mirror: Bandersnatch não é um filme perfeito, mas seus acertos perpassam os erros. Tem uma arte de destaque e uma ótima fotografia, o roteiro é bem amarrado, sendo beneficiado pelas boas atuações. A grande experiência, e que faz valer o seu tempo em frente à Netflix, é a possibilidade de moldar a história “conforme desejar” (lembre-se, a realidade é uma ilusão). Um aviso: Não clique em “Sair para os Créditos”. Continue na história até bater nos muros e voltar todas as possibilidades a “zerando”. Tem uma surpresa muito legal após o fim!

Nota: 9

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