A receita do sucesso nem sempre é certa ou garantida, assim como não é garantido o sucesso de uma obra audiovisual apenas apostando em grandes nomes. Talvez esse ainda não seja o grande momento de The Morning Show bilhar nas grandes premiações, porém o saldo é por enquanto bastante positivo.
Contando com grandes nomes do entretenimento como Jennifer Aniston, Reese Witherspoon e Steve Carell, The morning show é talvez a maior aposta do Apple TV +, serviço de streaming da Apple, em busca de reconhecimento junto aos críticos e público.
A trama da série gira em torno da personagem de Steve Carell (Mitch Kessler), depois de ser denunciado judicialmente e se tornar uma figura instantaneamente indesejável. Kessler é desligado da emissora onde trabalhou por mais de vinte anos, e onde apresentava o Morning Show ao lado da personagem de Jennifer Aniston (Alex Levy) um dos programas jornalísticos matinais mais importantes dos Estados Unidos.
Embora não muito próximo da nossa realidade – afinal não temos a cultura dos jornalísticos matinais no Brasil – o trabalho realizado na execução da série consegue ser transferido para diferentes realidades e contextos, inclusive o nosso.
A série costura uma narrativa simples e densa, onde em momento algum existe a intenção de levar pela mão o espectador em um movimento de condescendência. Existe profundidade em todas as personagens que não se enquadram nos arquétipos de mocinhos e vilões. o que acompanhamos é apenas o desenrolar de situações que poderiam ser muito bem reais, embora maquiadas pelo véu de uma superprodução, que conta com ótimas atuações e uma produção de ponta.
Somando ao escândalo envolvendo Kessler, temos também a constante tensão em relação ao futuro de Levy em processo de renovação de contrato com a emissora, que aparentemente não está tão disposta assim a ceder às novas exigências contratuais. Em meio a esse emaranhado temos ainda a personagem de Reese Witherspoon (Bradley Jackson), que acaba se envolvendo nessa situação de uma maneira até então imprevisível a quase todas as outras personagens da narrativa, e com uma influência direta do novo chefe da divisão de jornalismo da emissora.
The Morning Show tem um grande potencial, contando com uma narrativa inteligente apoiada em um bom texto e ótimas atuações. Bastante desconfortável em alguns momentos, especialmente quanto toca em temas sensíveis como movimentos feministas, movimentos sociais e até mesmo o papel e as ações do homem médio e branco no contexto sociocultural americano.
Se você pretende tirar algo mais além de entretenimento simples de uma série certamente vale a pena dar uma chance, com apenas 3 episódios disponíveis no momento, resta aguardar o desfecho dessa primeira temporada de boas promessas.
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