Crítica | Power Rangers (2017)

Os Power Rangers foram febre nos anos 1990 com suas lutas exageradamente coreografadas, seus monstros que misturavam seres alienígenas e pré-históricos, robôs e vilões atrapalhados e cinco jovens que lutavam para defender o planeta de tamanhas ameaças.
Não é a primeira vez que a série de Haim Saban se aventura nas telas do cinema, mas é sem dúvida a mais ousada. O que temos aqui é uma história de origem e uma clara intenção da Lionsgate em transformar os Rangers na sua nova franquia de sucesso, juntando o drama adolescente do seu último sucesso, Jogos Vorazes, com o universo cada vez mais crescente dos filmes de super-heróis.
Talvez esse seja o grande problema da realização de Dean Israelite (Projeto Almanaque). O filme foca de maneira nunca antes realizada, nem na própria série de TV, no drama dos cinco jovens. Todos – com maior ou menor destaque – tem seus conflitos abordados. E isso é um acerto do filme, dando ao público um conhecimento maior da mitologia de personagens como Zordon (Bryan Cranston) e Rita Repulsa (Elizabeth Banks), confirmando teorias que fãs já especulavam há algum tempo.
Em contrapartida, o terceiro ato do filme é um tanto quanto apressado. E é basicamente o único momento em que vemos os Power Rangers uniformizados e lutando contra os famosos Bonecos de Massa – que aqui, apesar de manterem o mesmo nome, são feitos de pedra. As cenas de ação são no que tange as famosas lutas coreografadas são extremamente limitadas, bem feitas, cumprem com os exageros das cenas da série, mas nos deixa com gostinho de quero mais.

Apesar disso, o roteiro é frágil e algumas escolhas são desastrosas. O filme parece uma colagem de clichês e esteriótipos de filmes adolescentes. Impossível não comparar com o Clube dos Cinco de 1985. Cinco jovens que se conhecem na detenção do colégio e descobrem com o tempo que tem mais em comum do que imaginavam. Há uma cena de “confissões” ao redor de uma fogueira que é uma referência clara a cena da biblioteca do filme de John Hughes.
Além dos clichês, todos os esteriótipos dramáticos estão em cena. O atleta popular, a patricinha que quer se redimir, o nerd esquisito, o deslocado do grupo… sem contar com coisas do tipo doença na família, sexualidade, pais neuróticos, acidentes de carro (sim, no plural), bullying, etc.
Não que o efeito de todas essas coisas não tenham certa coerência, elas se encaixam perfeitamente ao que foi pretendido, porém num roteiro de frases feitas que acaba infantilizando a obra mais que o necessário.

Em estética o filme também é confuso, pois parece que ele quer se utilzar de todas as referências atuais possíveis e ao mesmo tempo manter aquela cafonice nostálgica dos anos 1990. Os efeitos não são espetaculares e as lutas com os Zords deixam a desejar.

O elenco é correto e cumprem seu papel. O destaque aqui ficaria para RJ Cyler. Ele interpreta o Ranger Azul, um jovem com autismo que sente falta do pai já falecido. Se você pensou que o alívio cômico seria o Alpha 5 ou até mesmo a vilã Rita Repulsa, se enganou. As piadas – que em sua maioria funcionam – ficam a cargo de Cyler. Elizabeth Banks faz o que pode e o que não pode (e faz bem) com sua personagem que volta muito mais sombria do que cômica nessa adaptação, porém fica a sensação de experimentação durante todo o tempo. O tom parece se encaixar apenas no terceiro ato do filme.

Power Ranger é um filme de super-heróis jovens e com uma narrativa ousada, e serve pare estabelecer de maneira mais sólida a origem de Jason, Kimberly, Billy, Trini e Zack, porém é frágil em sua montagem final. Vale a diversão e a nostalgia já que o filme é repleto de fanservice. Agora é torcer para que suas sequências aprimorem o que houve de acerto e enxugue suas falhas.

Obs: Esperem os primeiros créditos que tem uma cena que vai fazer os fãs pirarem!

Power Rangers estréia dia 23 de março de 2017 no Brasil.

Nota: 6.5

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