Crítica | Mulher-Maravilha (2017)
É do saber de muitos que a DC Comics quer criar a todo custo um universo para seus personagens no cinema, e infelizmente suas tentativas até então não têm sido muito bem sucedidas. Mesmo com esse universo tendo início em 2013 no filme do Homem de Aço, foi somente no último ano que a sensação de “universo repleto de heróis e vilões” foi estabelecida com o polêmico Batman Vs Superman. Críticas sobre este filme a parte, o comentário unânime do embate do homem morcego com o Superman foi: A Mulher-Maravilha está incrível!
É claro que com essa brecha de luz de positividade, a DC não perderia tempo; logo apressou um filme solo para a heroína. A expectativa do público é grande desde a aparição da personagem em Batman Vs Superman, porém essa expectativa também vem acompanhada de um enorme receio após o fiasco que foi Esquadrão Suicida (2016). Mas Mulher-Maravilha é sem sombra de dúvidas o primeiro grande acerto da DC Comics no cinema.
Antes de tornar-se a imponente Mulher-Maravilha (Gal Gadot) que vimos, ela era Diana, princesa das Amazonas e treinada para ser uma guerreira invencível. Diana descobre que um grande conflito assola o mundo quando um piloto (Chris Pine) cai com seu avião nas areias da costa de Themyscira. Convencida de que é capaz de vencer a ameaça de destruição, Diana deixa sua ilha para lutar lado a lado com homens numa guerra que pretende acabar de vez com todas as guerras.
Patty Jenkins (Monster – Desejo Assassino) comanda o longa e deixa clara — e de forma bastante positiva — sua pegada para um filme da DC e o grande diferencial que é deixar uma mulher comandar um filme sobre personagens femininas. Tudo no filme é diferente: a belíssima direção de arte, a fotografia, a ambientação e o trato com a construção das personagens. Patty trabalha uma Gal Gadot mais ingênua enquanto sua personagem vai criando sua personalidade a partir de suas observações ao mundo dos homens, o que cria um tom humorístico na medida certa e uma maior profundidade a heroína.
O filme é feito a partir do roteiro de Allan Heinberg, história de Zack Snyder & Allan Heinberg e Jason Fuchs. O roteiro de Mulher-Maravilha é também um grande diferencial de tudo que foi feito pelo o estúdio até então. Completamente amarrado, sem nenhum desepero de criar uma história para todo um multiverso de personagens ou criar pontas com outros filmes. O que temos aqui é a história da Mulher-Maravilha. Há uma referência sutil no filme, mas não é nada que atrapalhe o andamento do roteiro como acontece em Batman Vs Superman.
Gal Gadot está estonteante no papel de Mulher-Maravilha. A Israelense mostrou que é a escolha mais que perfeita para o papel. Gal Gadot vai além da guerreira na construção da personalidade de Diana, que não se resume apenas a uma mulher poderosa fora do comum, mas também uma mulher que encontramos em nosso dia-a-dia: inteligente, emotiva, forte e e comovente. Chris Pine possui uma química incrível com a Gal. O par funciona de maneira natural e emocionante. O discurso do seu personagem conversa bastante com o arquétipo da Mulher-Maravilha, de forma que ele não se torna apenas um par romântico na jornada de Diana e sim uma ferramenta importante para a construção da visão da personagem sobre a humanidade e seu dever em protegê-la.
Como se todos estes acertos não bastassem, temos ainda a adição de um elenco tão diversificado que nos dá esperanças de uma Hollywood longe de preconceitos. Vemos pessoas de todas etnias e partes do mundo presentes no filme, algo lindo de se ver e que mostra o quanto uma produção de grande nível pode e precisa conversar com pessoas fora da caixa preconceituosa que infelizmente ainda existe na industria cinematográfica.
Mulher-Maravilha é um filme histórico. Não por tratar de uma mulher super poderosa, mas de mulheres que são o que são, desde as amazonas figurantes de Themyscira à competente diretora Patty Jenkins. Seres humanos incríveis e tão competentes quanto qualquer homem e merecem mais espaço na indústria cinematográfica. Parabéns Gal, Patty e todas as envolvidas nessa grande produção!
Nota: 8,5
Mulher-Maravilha estreia nos cinemas nacionais no dia 1º de junho, não percam!