Crítica | Rebelião em Detroit (2017)
Esse filme é realmente sobre um evento histórico ou infelizmente uma representação da violenta segregação racial?
Kathryn Bigelow (Guerra ao Terror, A Hora Mais Escura) volta aos cinemas depois de longos 5 anos afastada da direção cinematográfica em Rebelião em Detroit. O filme tem um aspecto político como suas últimas obras e foca em incidentes envolvendo policiais brancos e a população negra de Detroit em 1967. Mas sabemos exatamente do que ela está falando.
O filme conta conta a história de “The Dramatics” um grupo musical de soul, e de Melvin Dismukes (John Boyega) um vigia, que se encontram no infeliz incidente no Motel Algiers envolvendo violência policial.
Kathryn opta por um caso verídico que aconteceu na década de 60, para discorrer sobre como as leis, a polícia, a violência e a subalternidade da população negra nos Estados Unidos ainda funciona. Nessa micro escolha de um evento a diretora mostra através de uma massiva contextualização que aquele episódio não foi esporádico e que estava longe de ser o último. O filme acaba servindo não só como um retrato da estagnação de direitos nos Estados Unidos como serve como uma ponte sobre o que acontece também no Brasil, por exemplo.
O elenco é primoroso com destaque de John Boyega (Star Wars: O Despertar da Força), na pele de um vigia em jornada dupla, que é mais respeitado que a maioria dos negros, mas ainda sofre preconceito dentro da instituição. Outro grande destaque é Will Pouter (O Regresso), que vem ascendendo em sua carreira, e que vive o policial racista e reativo Krauss. Além desses dois nomes, vários outros personagens enriquecem a trama com atuações muito sensíveis e complexas, como Tyler James Williams (Todo Mundo Odeia o Chris), Anthony Mackie (Capitão América: Guerra Civil), Jacob Latimore (Beleza Oculta), e Jason Mitchell (Straight Outta Compton)
O filme é conturbado, violento, explosivo e muito dramático, características de outros filmes de Bigelow, que nos coloca dentro de uma situação que aponta o dedo para várias feridas, prioridades e intolerância.
Nota: 8/10