Crítica | Manifesto (2017)

NADA É ORIGINAL. Roube em qualquer lugar que ressoa com inspiração ou os combustíveis de sua imaginação. Devore filmes antigos, novos filmes, música, livros, pinturas, fotos, poemas, sonhos, conversas aleatórias, arquitetura, pontes, sinais de rua, árvores, nuvens, copos de água, luz e sombras. Selecione somente coisas para roubar que falam diretamente à sua alma. Se você fizer isso, seu trabalho e roubo, serão autênticos. Autenticamente inestimável; originalidade é inexistente. E não incomoda esconder seu roubo – celebrá-lo se quiser. Em qualquer caso, lembre-se sempre o que Jean-Luc Godard disse: não é onde você pega as coisas e sim para onde você irá levá-las.” JIM JARMUSH – 2002

Cate Blanchett em Manifesto

O filme Manifesto, desde suas primeiras cenas de divulgação, já trazia uma proposta incrível: Cate Blanchett (Carol) interpretando 13 personagens diferentes no mesmo filme. Mas Manifesto vai bem além disso. É um filme mais voltado a crítica e para o público de arte, portanto não espere por uma estrutura dramática clássica e uma história linear.

Dirigido e roteirizado pelo artista alemão Julien Rosefeldt, o filme faz uma reflexão através da apresentação de diversos manifestos artísticos como os Futuristas, Dadaístas, artistas Fluxus, Dogma 95 e outros grupos artísticos o papel do artista e da arte no mundo contemporâneo. O filme possui uma estrutura bem delineada, na qual os textos são narrados pela própria Cate Blanchett, enquanto situações e personagens diversos retratam de alguma forma o que está sendo dito. Essa conexão nem sempre é clara e orgânica, e a estrutura que já é apresentada desde o primeiro momento pode cansar em alguns pontos do filme, que além dos textos originais possui poucos diálogos acrescentados.  Mas a idéia defendida pelo próprio diretor não era ilustrar os textos narrativamente e sim permitir que a atriz os personificasse.

Um trunfo do filme sem dúvida é a grande versatilidade de Cate Blanchett que viveu esses 13 personagens em 11 dias de gravação, em um ritmo frenético que não fez com que a qualidade técnica do filme fosse prejudicada. A arte e a maquiagem ajudaram a trazer a vida uma dezena de personagens e o resultado foi uma sequencia de diferentes Cates, apresentando seus pontos de vista sobre arte, uns funcionando bem mais do que outros, todos bem diferentes entre si. A arte elitista é mais válida do que a de um morador de rua, do que a de uma cientista ou de uma mãe? Cate e Manifesto criam espaço para essa discussão.

Cate Blanchett em Manifesto

O filme estréia em todo Brasil no dia 26 de outubro, exceto São Paulo que, por conta da 41ª Mostra Internacional de Cinema, estréia na semana seguinte, 02 de novembro.

Nota: 7,5/10

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