Crítica | Animal Cordial (2018)
E se uma noite normal em um restaurante virasse um inferno?
Na quinta-feira, 9 de agosto, estreou um dos filmes brasileiros mais surpreendentes dos últimos tempos. Sob a direção de Gabriela Amaral Almeida e produção de Rodrigo Teixeira (Me Chame Pelo seu Nome), Animal Cordial leva a sala de cinema um suspense elaboradamente brasileiro.
A história se passa em um restaurante classe média, com um tom de classe alta, em uma noite que ocorre um sequestro dentro do estabelecimento. Com isso várias relações entre as pessoas ali presentes são expostas e intensificadas até o limite.
Animal Cordial tem, desde o começo, o magnetismo e uma construção de narrativa tão detalhada e complexa que mal conseguimos respirar tamanha curiosidade. Todo momento, personagem, falas, enquadramentos, são milimetricamente calculados. Com uma aparência simples e um tom de filme europeu, o longa recorre a vários elementos que enriquecem a narrativa. Em meio ao suspense, terror e crueldade, o humor e até mesmo romance surgem naturalmente.
Não é um filme fácil, muito menos leve, mas é sem dúvida um dos melhores filmes brasileiros produzidos nos últimos tempos. Conhecida por seus curtas-metragens a diretora consegue construir um universo sádico com camadas nitidamente brasileiras, sejam elas em um nível de mercado de trabalho, representação de classes sociais ou uma auto-imagem do povo brasileiro.
O elenco, parte dele conhecido do grande público, tem a oportunidade de representar papéis muito diferentes do que estamos acostumados a vê-los. Murilo Benício interpreta Inácio, um hipócrita dono do restaurante, Luciana Paes, conhecida pelo seu talento em comédia, vive Sara, uma personagem rodeada de drama e complexidade e Irandhir Santos dá um show na pele de Djair, cozinheiro de restaurante. Além de contar com outros nomes de peso como Camila Morgado, Humberto Carrão e Ernani Moraes.
Animal Cordial é, sem dúvida, um filme que vale a pena se ver no cinema. Mas vá com os nervos e estômago preparados.
Nota: 10/10
