Coletiva de Imprensa | Um Tio Quase Perfeito (2017)

Hoje estreia nos cinemas brasileiros “Um Tio Quase Perfeito“, primeiro filme protagonizado pelo ator Marcus Majella, mais conhecido por seus papéis em comédias como a sitcom do Multishow, “Vai Que Cola” em que ficou eternizado como Ferdinando, que após tanto sucesso com o público ganhou seu próprio programa, o “Ferdinando Show“. Ele também participou do “Porta dos Fundos“, “220 volts” e fez participações em filmes como “Minha Mãe é uma Peça” e “Tô Ryca“, ambos projetos de seus amigos de profissão do Vai Que Cola.
Agora é a hora dele voar solo e por um caminho um tanto diferente do habitual. Aqui não tem bordões famosos como “viaaaado” ou os trejeitos afeminados de seus personagens gays que contagiaram a todos. Aqui vemos um papel mais sóbrio nesse family movie dirigido por Pedro Antônio (Tô Ryca) e produzido pela experiente Mariza Leão (De Pernas pro Ar, Meu Nome Não é Johnny, Ponte Aérea).

Elenco, direção e produção de “Um Tio Quase Perfeito”.

No último dia 12 (segunda-feira), aconteceu uma coletiva de imprensa no Hotel Golden Tulip em São Paulo. Com todo o elenco principal, o diretor e a produtora presentes, eles falaram um pouquinho sobre o processo de idealização e filmagens do longa.

Como não poderia deixar de ser, um dos primeiros questionamentos foi sobre a mudança de tom no personagem de Tony (Majella), o tio título do filme.

“Eu quero as pessoas acreditem nesse personagem assim como elas acreditam no Ferdinando. Eu quero que elas achem que esse personagem é tão possível quanto os outros que eu faço.”, afirma o ator. “E eu quero cada vez mais fazer papéis assim, interessantes. Papéis que me desafiem, mudar de um personagem pro outro. Eu acho isso um barato. Gosto de estudar, gosto de ensaiar”.

Marcus Majella

A atriz veterana, Ana Lucia Torre, faz Cecília, mãe de Tony, avó das crianças que adora uma jogatina. Sobre sua personagem ela diz:

“Eu acho que a cecília é uma criança. Talvez um pouco mais que as próprias crianças. Ela não tem freio, não tem limites. Por outro lado ela é uma pessoa que já teve filhos, já viveu muito, então ela tem a compreensão da família e desse comportamento desse filho. Ela é uma das primeiras que vai detectar que ele tá começando a se apaixonar pelas crianças e que tá mudando. (…) Não é uma comédia que se perde na comédia, é uma comédia que fala de família.”

Ainda sobre Cecília ela confirma com orgulho que todo o figurino de sua personagem foi inspirado em Rita Lee.

Ana Lucia Torre.

O público não sabe, mas o projeto inicial se chamaria um “Um Pai Quase Perfeito” e seria estrelado por Leandro Hassum. Tentando dar mais originalidade e fugir de um possível clichê de filmes americanos, a produtora Mariza Leão decidiu explorar a temática por outra vertente.

“Eu intui que o tio era mais original. Eu gosto muito de participar de roteiro. Acho que é no roteiro que você vai imprimindo a identidade, e acho que esse trabalho não pode ter prazo. Os roteiristas me odeiam, porque eu sempre quero mexer, quero mudar. Mas eu não sou uma produtora porque eu gosto de matemática e excel, é porque eu gosto de ler. Meu maior prazer na vida é ler. Eu de fato acho que, depois de fazer tantos filmes, minha maior colaboração não é com números, eu confesso que sou até ruim com isso, eu gosto de contribuir no ponto de vista da narrativa, da montagem, da trilha, pensar junto… eu gosto de descer pro play, gosto de brincar!”, afirma Leão.

Mariza Leão ao centro.

Quem for ver o filme pensando numa comédia nos moldes de “Vai Que Cola” será surpreendido por algo completamente diferente. O filme não é um comédia rasgada, pelo contrário. É um family movie. Gênero muito comum nos EUA mas pouco explorado no Brasil. Sobre isso o diretor Pedro Antonio explica a escolha:

“Elas (as produtoras) queriam um gênero novo, não queriam uma comédia, elas queriam tentar trazer pro mercado brasileiro o family movie, que é um gênero feito nos EUA já há muitos anos. Eu mesmo sou de uma geração que via “Três Solteirões e um Bebê“, “Curtindo a Vida Adoidado“, “Esqueceram de Mim“. Esse final dos anos 1980 e início dos 1990 tinham muitos filmes assim como “Quero Ser Grande“, enfim, a gente foi até esquecendo um pouco no Brasil. Somos tão tomados pela comédia – eu sou uma pessoa de dentro da comédia -, mas elas sabiam o que elas queriam e me deixaram muito a vontade para trabalhar.”, revela o diretor.

Já sobre os desafios de se aventurar num novo gênero ele afirma:

“Esse gênero também é muito desenvolvido na França. E você fazer um family movie no Brasil é você tentar entender um pouco o que é essa família brasileira e como é que você pode de alguma maneira dialogar e se comunicar com ela. E eu acho que quando você tenta propor um gênero, você sempre esbarra um pouco nessa proposta primeira. É claro que a gente não tinha todas as respostas para as nossas escolhas. A gente trabalhou, a gente pensou mas a gente intuiu também. Então fomos pegar um pouco de referência na cultura de family movie americano, mas também na cultura de filme francês. Por exemplo, “O Pequeno Nicolau” (filme frânces de 2009), é um family movie só que tem um requinte maior porque eles têm mais experiência no gênero que a gente, então brota dalí outro tipo de proposta de family movie. Não estou dizendo que a gente é pioneiro nesse tipo de filme, dizer isso parece até um desconhecimento do cinema nacional, mas talvez a gente consiga nesse momento estar lançando um filme que eu acho que ela (Mariza, a produtora) intuiu um gênero que eu acho que vai crescer muito. Já tem inclusive filme pronto como o “Fala Sério, Mãe” com a Ingrid (Guimarães), baseado no livro da Thalita Rebouças. Já tem alguns filmes que estão vindo aí com essa proposta para diversificar o mercado. Acho que o Brasil precisa diversificar o mercado, o Brasil precisa crescer enquanto indústria. Então eu acho que o gênero foi um pouco intuição sim mas foi também estudo.”, Esclarece.

Pedro Antonio, diretor do filme.

Uma questão frequente quando há um elenco infantil forte é sobre o processo de trabalho com essas crianças. A respeito disso Mariza fala sobre o maior desafio nesse quesito:

“As mães das crianças. Há crianças maravilhosas com mães insuportáveis e aí não tem nem filme um, nem dois, nem três. Elas podem ser um transtorno com consequências de um Tsunami! Nesse filme tivemos sorte porque as três mães foram maravilhosas.”, brinca a produtora.

Dito isso, fica a pergunta sobre uma possível sequência de Um Tio Quase Perfeito, o que é comum em filmes de sucesso como “Minha Mãe é uma Peça” e “De Pernas pro Ar”.

“Tomara que tenha. Eu sou a pessoa que mais torce por essa sequência.” Torce Majella. “A gente queria ir pra Disney (na sequência), mas o Pedro (diretor) cortou a ideia.” Lamenta o jovem João Barreto. “Eu acho que ninguém que fez esse filme não sonha com isso. Porque foi tão legal fazer, foi tão bom que dá vontade de você fazer de novo. Eu espero que o filme vá bem e o dois é um desejo muito grande”, confessa por fim o diretor.

Da esq. para a dir. Sofia Barros, João Barreto e Jullia Svacinna.

Como um resumo final do que se pode esperar pelo filme, a atriz Ana Lucia Torre descreve o longa da seguinte maneira:

“Eu acho que nesse momento em que nós nos encontramos, não só no Brasil, mas num quadro mundial, onde tudo está indo para um extremo absoluto, obras como essa, obras divertidas e sem pretensão intelectual, vamos dizer assim, são obras como essa que faz com que a gente resgate no nosso íntimo o amor da compreensão, da aceitação das diferenças. Eu acho que isso é o fundamental desse filme. Você aceitar o outro como diferente. E assim a gente vai pra frente.”

Um Tio Quase Perfeito” estreia hoje, dia 15 de junho, e tem no elenco Marcus Majella como o Tio Tony, Ana Lucia Torre como a vó Cecília, as crianças Jullia Svacinna, João Barreto e Sofia Barros. Além de participações de Letícia Isnard e Eduardo Galvão. O filme tem direção de Pedro Antonio.

Confira aqui a nossa crítica.

 

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