Crítica | O Reencontro (2017)
No dia 27 de Junho chega aos cinemas brasileiros, “O Reencontro”, o sexto longa escrito e dirigido por Martin Provost e seu terceiro lançado comercialmente no Brasil.
Com estreia no festival de Berlim desse ano, O Reencontro conta a história de Claire (vivido por Catherine Frot – dez vezes indicada ao César Awards de Melhor atriz ); uma parteira sem muito tempo para a própria vida pessoal e que tem a sua vida virada de cabeça pra baixo com a chegada de sua ex-madrasta Béatrice ( a espetacular e indicada ao Oscar Catherine Deneuve).
Béatrice é uma mulher extravagante, que adora jantares, perfumes, vinhos e jóias. Há 30 anos atrás, era madrasta de Claire mas deixou seu pai e mesmo ele cometendo suicídio pelo seu abandono ela nunca mais apareceu na vida de Claire. Com a descoberta de que está com câncer no cérebro e a possibilidade iminente da morte, Béatrice volta pra resolver sua relação com Claire alegando que é a única pessoa que ainda tem no mundo.
Já Claire, com uma vida comedida e sem tempo para relacionamentos, é o oposto de Beatrice e vive pelo seu trabalho. Uma mulher solitária, ainda machucada pelo próprio passado. Apesar de sua capacidade empática e o tratamento humanizado em relação a cada parto que faz, Claire tem dificuldade de se abrir na sua vida pessoal. O titulo em francês “Sage Femme”, tecnicamente significa ‘parteira’ mas no sentido literal descreve “uma mulher comportada”, definição sob medida para a personagem de Catherine Frot.
No centro do filme, a relação complexa entre duas mulheres que juntas se fortalecem e dão novos sentidos às feridas do passado. E com isso a transformação de Claire, que aos poucos se permite ser mais do as suas obrigações de “mulher comportada”.
Além disso, entrelaçado à história das duas mulheres, o filme aborda temas sociais sobre a sociedade contemporânea como o trabalho das parteiras tradicionais na França que agora se mantém com muita dificuldade pelo crescimento expansivo de uma indústria do nascimento. No qual vale mais a quantidades de bebês que o hospital é capaz de fazer do que o tratamento que cada família e bebê recebe.
Com diversas cenas de nascimento no filme, o diretor Martin Provost, em entrevista ao The Guardian, revelou que foram filmados partos reais nas locações belgas e que Catherine Frot fez até curso preparatório de parteira para entrar no personagem.
Com incríveis atuações, o filme é um delicado e delicioso retrato sobre perdoar, amadurecer e dar sentido às feridas do passado.
Nota: 8/10