“É representar a realidade que não é vista nos cinemas”, diz diretor de Cromossomo 21
Por Mariane Oliveira
Com estreia em circuito fechado, Cromossomo 21 é um filme sobre diferenças e vem para fortalecer a discussão sobre temas que antes eram tabus para a sociedade. À convite da Espaço Z, marcamos presença na coletiva de imprensa do filme que contou com a atriz Adriele Pelentir, o Ator Luís Fernando Irgang e o diretor Alex Duarte. O ponto alto das entrevistas foi, sem dúvidas, entender que o pré-conceito, por muitas vezes, é inerente ao ser humano, mas, mesmo assim, é necessário que tente-se mudar todos os dias.
Sobre a idealização do filme, o diretor destaca que também teve preconceito com a escolha da atriz. “Partiu de uma inquietação, de quando eu conheci a Adriele (Pelentir, a protagonista), pois eu mesmo tive preconceito, achando que ela não seria capaz de entender as perguntas que eu faria”. Eles se conheceram quando o Alex, a serviço de um jornal para o qual trabalhava, foi entrevistar a primeira pessoa com Síndrome de Down a ser aprovada no vestibular na região que eles moravam, a Adriele.
“O filme não tem só cunho de entretenimento. Tem caráter social também, de poder representar a realidade que não é vista no cinema”, disse o diretor Alex Duarte.
Perguntou-se também ao diretor se eles seguiram o roteiro com precisão ou os atores improvisaram. A maioria seguiu o script, mas os atores que ele deu mais liberdade de improvisação foram os quais eram portadores de síndrome de down, para que eles se sentissem confortáveis. E foi através dessa liberdade que a atriz principal teve e fez uma das cenas mais marcantes do filme.
Alex Duarte comentou que quase 80% do filme foi dublado, mas a maioria das pessoas não percebem. A dublagem foi necessária por causa de partes externas da filmagem.
A escolha do Luís Fernando Irgang teve-se através de sua calma, sensibilidade e do respeito e profissionalismo em seu teste para o papel. Duarte ainda comentou que haviam alguns atores conhecidos para o teste do personagem Afonso. Mas mesmo assim, as características de Irgang se sobressaíram.
Alex ainda comentou que as gravações tiveram início em 2010. Todavia, houveram algumas regravações em 2012, 2014, 2015 e enfatizou que aconteceram mudanças no roteiro e como a adição do projeto “Somos todos cromossomo 21”, e que foi com base nessas mudanças que ele, após o filme, escreveu um livro e fez uma série no Youtube. Ele também relembra que mesmo com isso tudo, o intuito do filme não é só ser sobre síndrome de down, mas também ser uma história de amor e liberdade.
Qual foi a cena e o momento mais importante para a Atriz Adrielle? “Foi uma honra fazer o filme. Cresci demais como pessoa, através da personagem. A cena da ONG foi uma cena que mexeu demais comigo”, comenta Adrielle.
“Muitas das falas da Vitória foi eu que criei… e o grito de liberdade foi meu, que adicionei na personagem, ela é uma mulher que luta assim como eu”, completou a atriz.
Luís Fernando Irgang também destacou a cena mais difícil para ele: “Eu creio que a cena mais forte foi a cena que fiz com a minha mãe (a mãe de Afonso). Foi de longe uma das cenas mais pesadas, pois é uma pessoa que crê que ser deficiente e estar com uma pessoa deficiente é uma condenação. A ideia do filme é justamente mudar essas ideias erradas sobre as deficiências e dar a essas pessoas liberdade”.
Dentre tantas dificuldades, o diretor Alex Duarte destaca a maior: “Com certeza foi o orçamento. As gravações foram feitas em 21 dias, entretanto acabaram tendo a necessidade de realizar algumas regravações. Eu tive que dar a cara a tapa, lutar bastante para o projeto sair do papel”.
O diretor também falou bastante de seus projetos, pois o filme foi o ponto inicial para a criação do projeto social que tem força e apoio de várias ONGs. Duarte falou sobre os planos para um futuro filme e uma série que irão abordar a temática de Dawn ao redor do mundo.