Crítica | A Melhor Escolha (2018)
Conhecido pela trilogia “Before” e “Boyhood”, chega aos cinemas o novo longa de Richard Linklater: “ A Melhor Escolha” (Last Flag Flying). O filme focaliza a história do ex-marinheiro Larry Shepherd, a quem todos chamam de “Doc,” vivido por Steve Carell. Doc é solitário e acaba de perder seu filho único, um jovem marinheiro morto na guerra do Iraque. Ele procura seus amigos da época da guerra ao Vietnã, trinta anos após servirem juntos, pois acredita que eles poderão acompanhá-lo no enterro do filho no cemitério militar. Ele encontra Sal Nealon (Bryan Cranston) administrando um bar e juntos vão atrás de Richard Mueller (Laurence Fishburne).
Após descobrirem o modo e o motivo da morte do filho de Doc , o trio parte, agora levando o caixão para enterrá-lo na cidade de Doc. O filme acompanha os três amigos em uma espécie de Road Movie, onde eles refletem sobre suas próprias historias com a guerra e a relação dos soldados com o país e as missões de guerra.
Steve Carrel faz um trabalho belíssimo no papel de Doc, sua voz, com modelação baixa, é repleta de uma tristeza silenciosa. Doc tem que tomar decisões difíceis a respeito do filho; e seus amigos, servem como contraponto um do outro, sempre aconselhando Doc de formas opostas. Como uma alusão ao anjo e ao diabo, Linklater utiliza os posicionamentos deles nas cenas para demonstrar essa polarização, com Doc muitas vezes em primeiro plano e seus amigos em cantos opostos, cada um sobre um de seus ombros.
Sal (Bryan Cranston), agora é o dono de um bar e ainda conserva a rebeldia da juventude. É ele que faz a maior parte das piadas do filme e que busca manter o clima da viagem descontraída. Por outro lado, Muller, que se tornou um reverendo, durante todo o filme traz um tom mais sério. É realista e racional durante a maior parte das conversas.
Enquanto os personagens elaboram as suas próprias feridas de guerra, eles oscilam entre a alegria de ter lutado por seu país e os questionamentos a respeito da instituição e as reais intencionalidades que levaram milhões de jovens a morrer nas duas guerras.
Outro ponto alto do filme é a contextualização do tempo histórico, o filme se passa em 2003, e Linklater nos lembra diversas vezes como o mundo já mudou desde então, seja através das televisões de tubo ou do celular que ainda era uma novidade.
A Melhor Escolha apresenta uma reflexão interessante sobre a relação dos americanos com as guerras do Vietnã e Iraque e tem bons momentos de comédia e de drama. O filme está em cartaz nos cinemas brasileiros (25).
Nota: 6,5