Crítica | Café (2018)
Chega aos circuito comercial brasileiro, nessa quinta-feira, dia 02 de Agosto, a primeira co-produção entre China e Itália na história do cinema. O diretor do filme Café, Cristiano Bortone é italiano e um dos fundadores da Bridging the Dragon, associação que está fomentando vínculos e parcerias entre a indústria cinematográfica europeia e a chinesa.
O filme conta três histórias que se passam em países diferentes. Histórias de pessoas que demonstram suas múltiplas relações com o café e os entrelaçamentos com as trajetórias pessoais e de pertencimento a determinada comunidade em um mundo globalizado. Uma das histórias se passa em Trieste, a capital da produção de café na Itália e Europa; a outra está situada no conflito entre o urbano e o rural, entre duas cidades da China; e a terceira se passa na Bélgica.
As três histórias são apresentadas de modo paralelo no filme, e mesmo nunca se cruzando, elas se espelham no ritmo, tema, atmosfera e na mensagem. São todas filmadas no mesmo estilo, com o uso de câmeras na mão. A quantidade de personagens e conflitos atrapalham um pouco o ritmo da narrativa. Outro grande incomodo é o fato de que todas as mulheres do filme ocupam um lugar muito distante de qualquer protagonismo, personagens completamente secundárias para a forma como as histórias se desenvolvem.
O roteiro explora diferentes dimensões da relação com o café em cada lugar. Na Bélgica, a loja de Iraqi Hamed (Hichem Yacoubi) é furtada e um valioso pote de café é roubado; ao descobrir o culpado ele decide ir atrás de objeto que por gerações esteve em sua família. Na Itália, Renzo (Dario Aita), é um apaixonado por café que acaba se envolvendo no roubo de uma fábrica da bebida. Na China, Ren Fei (Fangsheng Lu), um homem de negócios bem-sucedido, é designado para gerenciar a situação de uma fábrica que ameaça poluir um belo vale em Yunnan. Como dito por uma das personagens do filme: “cada copo de café contém em si o amargo, o azedo e o frutado”. E assim, cada uma das três histórias se desenvolve buscando refletir um desses sabores.
Realizar o filme não foi uma tarefa fácil, desde a concepção e roteiro até a realização. O roteiro teve que ser ser aprovado pelo governo chinês que regulamenta todas as produções culturais realizadas no país. Para construir uma visão intercultural de fato, foi necessário um esforço colaborativo entre quatro roteiristas, sendo dois europeus e dois chineses. As filmagens em três diferentes países e com três equipes de atores também demandaram muito do diretor.
O filme traz um tom melodramático para a narrativa contada, com o uso de slow motions em alguns momentos do clímax e uma trilha sonora que busca emocionar mas que acaba se sobrepondo a própria história.
Nota: 5