The Rocky Horror Picture Show – Uma comédia de horror no melhor estilo Broadway

 

Um dos maiores clássicos dos anos 70 e que consegue, com surpreendente eficiência, agradar os entusiastas de três gêneros totalmente diferentes – terror, comédia e musical – com direção de Jim Sharman, roteiro e composições de Patrick O’Brien e interpretações inesquecíveis de Tim Curry, Barry Bostwick e Susan Sarandon, The Rocky Horror Picture Show é, sem dúvidas, uma obra-prima da sétima arte.

A partir de um estilo narrativo muito peculiar, o filme conta a estória dos noivos Brad e Janet, que estão no meio de uma terrível tempestade quando seu carro quebra e têm de pedir abrigo na única casa próxima, o castelo bizarro do Dr. Frank N. Furter e suas companhias sobrenaturais, entre eles Riff Raff, Magenta e Trixie. Eles descobrem que o dono da casa é uma cientista travesti de outro mundo que cria um “homem perfeito”, o Rocky, em seu laboratório.

O filme, que muito influenciou a moda glam e punk com seus figurinos muitos carregados, se trata de uma paródia dos filmes de terror e ficção científica hollywoodianos, por isso os cenários são todos muito emblemáticos e repletos de elementos recorrentemente aplicados em produções do gênero.

As atuações são extremamente icônicas e influenciaram muito o teatro e o cinema. Até hoje em muitas produções de RHPS na Broawday ou reprises nas grandes telas, a audiência vai fantasiada, atuam algumas cenas com os atores e chegam até a jogar coisas no palco – tudo com o maior carinho, claro. O “filme da meia-noite” como ficou conhecido, além de se utilizar de diversas referências clássicas como Drácula de Bram Stoker e Frankenstein de Mary Shelley, se tornou também uma forte referência na cultura popular, sendo base para o recente remake da Fox e também tendo um de seus maiores sucessos, Time Warp, regravado pelo fenômeno latino RBD. Amém, RHPS.

RHPS é tão rico em arquétipos do cinema de terror, que tentar descobri-los é quase mais legal do que assistir ao filme. Todas as criaturas da noite juntas em um musical cômico e também trágico, uma homenagem sensual à ficção científica: vampiros, alienígenas, humanos criados pela ciência, oompa-loompas da Transilvânia, entre outros.

Como musical, faz um trabalho excepcional. A primeira música, Science Fiction (Double Feature), abre o filme (e depois o finda em sua reprise) com uma voz sensual e convidativa, quase como se nos convidasse a assistir. Na tela, apenas uma gigante boca vermelha como performer, num fundo preto. A letra também introduz a estória que vai ser contada:

Science fiction (uh uh) double feature

Doctor X (uh uh) will build a creature

See androids fighting

Brad and Janet

Anne Francis stars in Forbidden Planet

Em grandes musicais, é comum que a música de abertura seja muito marcante, com coreografia elaborada, várias vozes e instrumentos fortes, mas não é o caso de Rocky Horror Picture Show – e isso não é uma falha. A segunda música, Damn It, Janet é um dueto entre Brad e Janet, onde o mocinho a propõe casamento. Com vozes adicionais como coro e a primeira aparição do Dr. Frank N. Furter (fantasiado de padre), a canção é divertida e não deixa a desejar.

There’s three ways that love can grow.

That’s good, bad, or mediocre.

Oh, J-A-N-E-T

love you so

A seguir, outro dueto dos então noivos, There’s a Light (Over at the Frankenstein Place), música sombria para o momento que eles estão chegando à mansão onde se passará o resto da narrativa. Com uma melodia suave e meio tenebrosa – sem perder o humor – essa é uma das clássicas do filme.

In the velvet darkness,

of the darkest night,

burning bright,

there’s a guiding star

Talvez o maior sucesso de RHPS, Time Warp, um verdadeiro espetáculo na mansão Frankenstein! Com um refrão inesquecível e engraçado, vozes fortes e coreografia elaborada para imitação do público (como Thriller, de Michael Jackson), Time Warp é capaz de convencer o espectador mais difícil.

It’s astounding

Time is fleeting

Madness takes its toll

E então outro ícone do filme, Sweet Transvestite, primeira canção performada pelo Dr. Frank N. Furter e que nos introduz o personagem mais importante e simbólico da narrativa. Tim Curry apresenta uma presença performática impressionante e torna-se parte insubstituível do imaginário pop. A letra e a melodia são de uma qualidade musical inegável.

I’m just a sweet transvestite

From Transexual, Transylvania

Depois temos Hot Patootie (Bless My Soul) que mostra que o musical todo vai seguir por um estilo mais Rock ‘n Roll – de certa forma até próximo ao Glam. Não é de grande importância para o rumo do filme, mas é uma adição de muito bom gosto.

Whatever happened to Saturday night?

When you dressed up sharp and you felt alright

Outra música que vale a pena mencionar é o solo de Janet, Touch-A Touch-A Touch-A Touch-Me. Performance tão divertida e sensual quanto Sweet Transvestite que vai representar muito bem a perda da inocência (elemento muito aplicado no clássico vitoriano que inspira o filme, Frankenstein de Mary Shelley) e a iniciação sexual feminina sempre reprimida por questões patriarcais.

Touch-a touch-a touch-a touch me

I wanna be dirty

Thrill me, chill me, fulfill me

Creature of the night

E por último, Don’t dream it, Be it, grande sucesso apropriado pela cultura pop LGBTQIA+ e que se tornou quase uma música de manifesto. Nessa composição, O’Brien mostra que além de um grande músico, é um cara com referências excelentes.

Give yourself over to absolute pleasure

Swim the warm waters of sins of the flesh

Erotic nightmares beyond any measure

And sensual daydreams to treasure forever

Com aprovação de 80% no Rotten Tomatoes e indicação para melhor filme no Prêmio Saturno (Academy of Science Fiction, Fantasy & Horror Films), The Rocky Horror Picture Show é um filme mandatório não só para os entusiastas de terror, comédia ou musical, mas para todo mundo que gosta de cinema. Ótimo para ver antes do Halloween, se inspirar na fantasia e ir à um rolê que o Dr. Frank N. Furter aprovaria.

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