Crítica | Vice (2018)
Hoje ocorreu a cabine de Vice (2018) um dos filmes em alta nessa temporada de premiações. Ele tem sido bastante comentado principalmente pela mudança física drástica do Christian Bale (A Trapaça), que ganhou bastante peso para viver Dick Cheney, o vice-presidente do George W. Bush.
O filme foi indicado ao Globo de Ouro como Melhor Roteiro, Melhor Filme, Melhor Direção e em duas categorias de atriz e ator coadjuvante com Amy Adams e Sam Rockwell e ganhou com Christian como Melhor Ator em Comédia/Musical.
A obra é do mesmo diretor de A Grande Aposta (2015) Adam McKay, o que já dá a entender muito como é o tom que é tratado um assunto complexo e tenso de uma forma irônica e engraçada. Mas com essa referência tão recente, Vice parece em alguns momentos uma versão com menos brilho que o seu antecessor. Um filme bom mas de certa forma, preguiçoso. Talvez o personagem seja um pouco desinteressante comparado a temática anterior, que não era tão apelativa cinematograficamente, mas na qual conseguiram apresentar de maneira muito enérgica e chamativa. Parece que faltou um pouco de habilidade para tratar de assuntos sérios e tornar as fatos e personagens risíveis, e trazer o assunto sério de volta.
O próprio personagem Dick Cheney, é apresentado de duas formas: uma na qual ele é um completo idiota, apático e alcoólatra, e uma em que ele é um mentor político extremamente culto e cruel, que prevê jogadas e coalizões políticas com muita antecedência. Essa transição entre essas duas personalidades não é bem construída e acaba atrapalhando um pouco na interpretação do personagem por Christian Bale, que está muito bem em alguns momentos e em outras cenas ele está linear com um personagem sem carisma e sem peso algum. Nesses momentos alguns personagens coadjuvantes como Amy Adams que interpreta sua esposa Lynne Cheney, e Sam Rockwell brilham muito. Sam Rockwell aparece durante poucas cenas como George W. Bush, e nelas o personagem, que já é mais conhecido popularmente, faz a transição de um líder poderoso para uma pessoa inocente de maneira mais sutil.
É um claro objetivo do diretor e roteirista de tornar essa “biografia” mais leve e engraçada só que as escadas e transições falham, também entre as temáticas pessoais e profissionais. Algumas escolhas e reviravoltas não fazem muito sentido dentro da narrativa e são pouco apelativas.
É um filme extremamente necessário politicamente que mostra como as coisas funcionam em tempos mais duros, mas como obra artística parece que faltam alguns parâmetros e algumas sutilezas mas bem estabelecidas. A caracterização de Cristian Bale e sem dúvida o maior trunfo do filme.
Nota:7/10