Esta semana entraremos na discussão das chances de dois grandes sucessos do ano: Infiltrado na Klan e Nasce Uma Estrela. Sem rodeios, vamos direto às análises!

Confira também a análise de Roma e A Favorita

INFILTRADO NA KLAN, de Spike Lee.

Ter em sua nota de rodapé o nome de Spike Lee como diretor é sinônimo de cinema em seu grau mais elevado de excelência, mesmo que seus filmes não sejam lá tão comerciais (o diretor é um dos grandes atuantes do cinema independente). Com Infiltrado na Klan, essa máxima se esvaiu! O longa começou sua “campanha” por reconhecimento em Cannes 2018. Lá, o filme conquistou o Grande Prêmio do Júri e, automaticamente, chamou a atenção da crítica especializada.

Depois de importantes indicações em todos os prêmios da temporada de ouro – sendo lembrado na importante lista dos 10 melhores filmes do ano da American Film Intitute (AFI Awards), assim como no Globo de Ouro, SAG Awards, Critic’s Choice Awards, Bafta, WGA (Sindicato dos Roteiristas), DGA (Sindicato dos Diretores) e o PGA (Sindicato dos Produtores) –  chegou a hora de a Academia lhe dar 6 indicações: Melhor Filme, Direção, Roteiro Adaptado, Ator Coadjuvante, Montagem e Trilha Sonora.

Esse é o grande problema na campanha por reconhecimento de Infiltrado na Klan: sempre indicado, mas nunca consagrado! O filme contém credenciais para vencer em todas as categorias que está indicado, mas, em seu histórico, as vitórias têm sido abaixo do esperado para a sua qualidade e importância social.

O longa ainda esbarra em concorrentes fortes, vejamos:

Melhor Direção – Spike Lee briga com a ação perfeccionista de Alfonso Cuarón e sua inacabável estante de prêmios conquistados nos últimos meses por Roma. Isso não deve se alterar! Cuarón está bastante encaminhado à receber sua segunda estatueta de Direção (a primeira foi conquistada por Gravidade, em 2014) – se bem que não seria surpresa ver a Academia consagrando Lee por tudo que já fez pelo cinema norte-americano. Aliás, o Oscar já fez o isso em 2015, mas naquelas cerimonias privadas do Academy Honorary Award, ao premiar Spike por ser “um campeão dos filmes independentes e inspiração para os jovens cineastas”. Em outras palavras, foi um prêmio pelo conjunto da obra!

Já em categorias como Melhor Filme, Ator Coadjuvante e Trilha Sonora, Infiltrado na Klan sofre igualmente com a concorrência. Porém, a Montagem e Roteiro Adaptado eu o vejo com chances reais de conquista.

Na montagem, a Academia deixou de indicar filmes que vinham sendo lembrados e, honestamente, o único que faz páreo a ele é A Favorita, de Yorgos Lathimos, mas que deve se sair vencedor em outros prêmios técnicos, deixando o caminho livre. O filme Vice, de Adam McKay, é extremamente refém de sua edição, tornando esse aspecto muito forte no longa, mas que tem, em seu desfavor, a incapacidade de fazer o filme fluir.

Já o Roteiro Adaptado do próprio Spike Lee em parceria com Charlie Wachtel, David Rabinowitz e Kevin Willmott tem chances reais E JUSTAS para se consagrar, ao imprimir diálogos hilários e tensão do contexto histórico dos anos 1970 da melhor maneira possível. Vejo que, pelo fato de ser uma história real, suas chances são ainda maiores, esbarrando em Se a Rua Beale Falasse, de Barry Jenkins, que vem sendo bastante premiado.

Deste modo, Infiltrado na Klan sairia da cerimônia com 2 estatuetas, mas com a certeza de que poderiam ser 4 se a Direção não esbarrasse em um trabalho melhor e se em Melhor Filme viesse vencendo outras premiações que justificassem a nossa previsão, pois, se dependesse de qualidade, ele seria facilmente vitorioso do principal prêmio da noite.

NASCE UMA ESTRELA, de Bradley Cooper.

Eis aqui um dos grandes sucessos de bilheteria do ano: quase US$ 414 milhões de dólares ao redor do mundo, sendo que gastou apenas US$ 36 milhões na produção. Um sucesso absoluto! Some-se a isso a estreia de Bradley Cooper na direção e a estrela pop Lady Gaga mostrando suas credenciais depois de American Horror Story.

A história do casal Ally e Jack conquistou os corações apaixonados e seguiu firme na temporada de premiações, sendo sempre lembrado, especialmente a dupla principal e a incrível canção Shallow. Shallow, inclusive, figura como um dos Oscar mais certos do próximo dia 24 de fevereiro, quando a Academia irá premiar Lady Gaga, Mark Ronson, Anthony Rossomando e Andrew Wyatt. Só uma tragédia tira esse Oscar deles.

Outra chance do filme está na categoria de Mixagem de Som, onde a academia costuma premiar filmes mais musicais. O problema é ter como concorrente Bohemian Rhapsody, outro “musical” que usa, em sua última cena, o poder de uma gigantesca plateia do Live Aid, onde os sons tomam a sala de cinema, e O Primeiro Homem, filme tecnicamente impecável e que encontra na cena do pouso na lua seu ápice de efeitos visuais e sonoros. É UMA CATEGORIA ABERTA com uma leve vantagem de Bohemian.

Nas outras, o longa de Cooper não tem qualquer chance de êxito. Lady Gaga enfrenta duas concorrentes que vêm recebendo mais prêmios que ela: Olivia Colman e, a mais forte e bem provável vencedora, Glenn Close. Cooper como Melhor Ator não passou de meras indicações em outras premiações e também enfrenta dois outros concorrentes mais premiados: Rami Malek (Bohemia Rhapsody) e Christian Bale (Vice). Sam Elliot é um gigante em poucos minutos de suas cenas, mas o Oscar de Mahershala Ali por Green Book é algo cada vez mais certo, especialmente depois do SAG.

O que ainda conta em desfavor do filme é que esta é a sua 4ª versão para o cinema! O roteiro, embora lembrado pela Academia, tem chances quase nulas de vitória, assim como Melhor Filme. Nasce Uma Estrela deixaria a cerimônia apenas com o prêmio de consolação pela canção original e, talvez, por sua mixagem de som.

Semana que vem chegaremos com Green Book e Vice. Permaneçam ligados!

Confira também a análise de Roma e A Favorita

Comentários

Comentários