Crítica | Gauguin: Viagem ao Taiti (2018)
Baseado no diário de viagem que o próprio Gauguin escreveu sobre esse período, o filme conta a primeira jornada de Paul Gauguin para o Taiti. Gauguin já era um pintor conhecido nos circuitos artísticos, e cansado das convenções do chamado mundo civilizado, decide se aventurar sozinho para o Taiti. Deixando para trás sua esposa e seus cinco filhos, ele mergulha na selva Taitiana onde conhece a tribo dos Maoris e nela, Tehura, a musa de algumas de suas obras mais icônicas.
No filme, Vicent Cassel faz um trabalho incrível de exploração como Gauguin. Nesse caso, uma exploração psicológica do personagem onde os olhares e pequenos gestos falam muito. Cassel dá vida a um Gauguin hedonista e obsessivo, que vive constantemente em busca de se livrar de todas as convenções a procura de uma expressão sincera. O filme explora a relação que Gauguin estabelece com Tehura e o choque de expectativas entre os dois. Nesse sentido, ele procurava nela tudo que ele não era e ela olhava para a cultura dele como tudo que ela queria ser.
Outro ponto alto do filme é o jogo que o diretor estabelece entre as famosas telas de Gauguin e a mise en scène; brincando com a narrativa, o filme explora as possíveis vivencias de Gauguin ao lado de Tehura (Tuheï Adams) para pintar algumas de suas telas mais famosas. Além disso, a bela trilha sonora de Warren Ellis cria uma atmosfera de encantamento muito bem articulada com o universo fílmico que transporta o expectador para o mundo de Guagin.
Outro acerto do filme é pontuar um recorte da história do pintor, permitindo um mergulho profundo em um dos períodos de maior criação do artista ao invés de tentar contar toda sua vida. O foco é no período que ele criou suas obras mais famosas como Nafea Faa Ipoipo (Quando você vai se casar?) que foi considerado o quadro mais caro da história, arrematado recentemente por US$ 300 milhões.
Nota: 7
