Crítica | La La Land: Cantando Estações

Não é a toa todo o burburinho e expectativa em torno de La La Land: Cantando Estações. O filme dirigido por Damien Chazelle – o jovem diretor que surpreendeu a todos em 2014 com Whiplash: Em Busca da Perfeição – vibra música, mas também inspira paixão e aflora os sonhos.

Mia (Emma Stone) é uma aspirante a atriz que em um dia de mais uma reprovação em audições cruza o caminho do pianista de jazz, Sebastian (Ryan Gosling), que também sofre para alcançar o sucesso dentro da música. Fazendo uma bela analogia com as estações do ano, Damien Chazelle mostra os caminhos solitários destes dois sonhadores até eles compartilharem uma vida e seguirem em busca de seus sonhos.

Ryan Gosling e Emma Stone formam par romântico pela terceira vez. Eles contracenaram juntos em Amor À Toda Prova (2011) e Caça aos Gangsteres (2013), mas dessa vez há mais leveza nos personagens e profundidade na relação que eles constroem. Eles carregam além do amor que passam a cultivar um pelo outro, o amor pelos seus sonhos. Tanto o amor de Sebastian pelo jazz quanto o amor de Mia pela atuação embalam e contagiam não apenas suas vidas como o coração do espectador.

 

É importante destacar a pequena, mas divertida aparição de J. K. Simmons (Whiplash) e a participação do cantor e compositor John Legend, que se mostra bem à vontade interpretando um velho conhecido de Sebastian.

A estrutura do filme não é a de um musical clássico com diálogos cantados, há performances musicais em momentos pontuais da trama, algumas se destacam mais do que outras. A abertura chama muita atenção, mostrando um respiro de alegria em meio ao trânsito caótico de Los Angeles. Entre as canções, City of Stars é a que se fixa na mente mesmo após o fim da sessão, ela parece sintetizar tudo o que o filme representa.

A narrativa não se torna maçante ao longo das 2h8min. Chazelle se utiliza de algumas técnicas e linguagens, além dos números musicais, que quebram um pouco a linearidade do filme. Não que a intenção do diretor seja transgredir ou esbanjar conhecimento técnico sobre cinema. Tudo parece ser colocado de forma descaradamente dosada, como uma fórmula infalível para garantir os prêmios que vem conquistando nessa temporada. Mas este não é um fator que tire o mérito do longa, muito pelo contrário, o roteiro é simples, fácil de conquistar o público, mas a produção, fotografia, iluminação, planos de câmera são feitos de forma impecáveis e com o nível de dificuldade próprio dos musicais, e toda essa competência fica bastante visível no resultado final.

 

A câmera é flexível dentro do espaço em cena, saindo de um close para um plano mais aberto rapidamente. Ela viaja entre os personagens e os cenários, nos dá pequenos planos sequenciais e mostra uma Los Angeles além do glamour e dos tapetes vermelhos. Mostra a Los Angeles do trânsito infernal, dos cafés próximos aos grandes estúdios, dos lugares que serviram de cenário para grandes clássicos, dos cinemas antigos que exibem filmes como Juventude Transviada, das festas em casas com piscina e boates onde se conseguem contatos profissionais, dos antigos clubes de jazz que fecharam e deram lugar a casas que tocam samba e servem tapas. Enfim, mostra a cidade que atrai milhares de artistas em busca do estrelato.

As luzes são colocadas pontualmente de forma a explorar o momento daquele personagem, seja numa audição, seja numa apresentação musical, seja num reencontro onde as lembranças emergem, seja num devaneio ou num sonho. Na montagem, é possível ver alguns cortes que fazem lembrar Whiplash, principalmente quando há instrumentos musicais em cena.

É clara a inspiração ou reverência de Chazelle ao cinema clássico hollywoodiano, mas além dessa exaltação, La La Land: Cantando Estações chega para se tornar a mais linda declaração de amor à cidade de Los Angeles, aos sonhos e aos amores que nascem e se concretizam na cidade das estrelas.

Nota: 9

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