Crítica | Sense8 – 2ª Temporada
Na série criada pelas Irmãs Wachowski (Trilogia Matrix), oito pessoas ao redor do mundo são conectadas sensitivamente. Compartilham sentidos, emoções, sua vida inteira. Sem nada ainda saberem sobre suas novas realidades, a mãe do cluster (cada grupo de sensates, essas pessoas sensitivas) se suicida e uma organização super secreta governamental os está caçando. Como sobreviver quando cada movimento seu é visto pelo seu inimigo?
Difícil de entender, empolgante. Mais um Matrix! A primeira temporada, mesmo com seus problemas de ritmo e roteiro, agradou aos críticos por sua ambientação e inclusão perfeita das minorias. O grande problema ficou com a segunda parte da temporada, que pegou o trem para busan, e aí desandou tudo. A 2ª temporada apenas duplica o problema de ritmo que a primeira já possuía. A bagunça é evidente pra qualquer tipo de espectador e parece que toda a equipe sumiu por várias semanas, até os câmeras não foram trabalhar e tudo foi mostrado em um time-lapse estranho.
Após um ótimo episódio 0, servindo como um especial de natal, a série estava reagindo. Com um bom roteiro, ótima direção e fotografia, tudo estava nos trilhos. O que pedíamos nos era dado: Mais interação entre os personagens, desenvolvimento, crescimento. O meio da temporada deu uma rasteira em toda a construção que estava sendo feita e começou a bagunçar com o roteiro; a direção, confortável demais, não guiou a história e quando o último episódio — mesmo que conte com uma hora de duração — chegou, duas grandes histórias de redenção foram imprensadas.
Uma cena esperadíssima — principalmente pelos fãs brasileiros — na parada gay de São Paulo, rendeu apenas três minutos, e poderia ter sido feita em qualquer outro lugar além de ter uma pequena força no núcleo do lito, e nada que afete a trama. Se eu fosse produtor da série, sentiria meu dinheiro desperdiçado.
Ao contrário de Matrix, que nos segurava com sua história complexa até o fim do segundo filme, Sense8 nos prende pelos seus personagens. Construídos perfeitamente, agradam a qualquer tipo de espectador, carismáticos, engraçados, frios, sofridos. Desafio não encontrar encontrar algum que você não tenha simpatia por ele. E nesta nova temporada todos têm mais espaço e mais desenvolvimento, principalmente os antes esnobados Capheus (Toby Onwumere) e Sun (Doona Bae), Doce, fria e quebrada é a sun. Até o fumar um cigarro, é poético, carregado de significados. As expressões contidas e a naturalidade a faz se tornar o melhor da temporada.
Com uma trilha sonora não sutil mas certeira (Escute aqui) e boas atuações e personagens, a série marca muitos pontos no quesito entretenimento, mas os perde quando, no ato final se utiliza de um Deus Ex Machina apenas para deixar um plot twist incompleto e um pedido de “por favor, Netflix, ceda orçamento para nova temporada”.
Nota: 6