Crítica | Lady Bird: É Hora de Voar (2018)
Em 2012 Greta Gerwig chamou atenção do mundo e teve os holofotes do cinema voltados para si com sua hilária performance em Frances Ha (de Noah Baumbach), filme no qual ela ainda escreveu o roteiro em parceria com Baumbach, mostrando que habilidade e versatilidade era algo inerente ao seu trabalho dentro do cinema. Agora, ela acrescenta uma nova página em sua história dirigindo e escrevendo o divertido “Lady Bird: É Hora de Voar!”, filme que chega aos cinemas brasileiros 15 de fevereiro.
Christine “Lady Bird” McPherson é uma adolescente de personalidade forte que luta para ganhar atenção do mundo e, especialmente, da família, meses antes de partir sozinha em sua jornada universitária. Demonstrando uma constante insatisfação por ser natural de Sacramento na Califórnia, o maior desejo da personagem central é se ver longe dali, bem como da formação católica que ambienta seus conterrâneos. A personagem Lady Bird, inclusive, toma a projeção para si e não é à toa que o título do filme faz menção a ela!
Não é a toa, também, que a atriz Saoirse Ronan mostra sua flexibilidade para atuar, já que lembramos dela (em sua maior parte) por trabalhos mais dramáticos como em “Desejo e Reparação”, quando, ainda adolescente de 14 anos, conseguiu sua primeira indicação ao Oscar em 2008 ou, ainda, pelo recente “Brooklyn”, outro que lhe rendeu indicações na temporada de ouro de 2016. Aqui, Ronan tem o privilégio de estar presente em praticamente todas as cenas, o que mostra que o filme é dela. A britânica, com apenas 23 anos, deve abocanhou sua 3ª indicação ao Oscar, solidificando, deste modo, seu trabalho e, consequentemente, seu nome entre as grandes estrelas em ascensão! Olho nela nos próximos anos!
No processo de evolução de personagem, vemos que, a medida que amadurece, Christine (agora sim!) está em progressivo reconhecimento de suas origens e a gratidão por tudo isso aparece no momento certo da projeção. Neste ponto, o roteiro se mostra satisfatoriamente eficiente, mesmo que tenha sido nos últimos segundos do filme, e ele adquire a plenitude esperada com o ótimo trabalho do elenco – destaque para a coadjuvante Laurie Metcalf, também lembrada pela Academia.
Com esse trabalho, o filme ganhou uma vitrine especial dentro das principais premiações do ano, como o New York Film Critics, onde se consagrou como Melhor Filme e Melhor Atriz, venceu os Globos de Ouro de Melhor Filme Comédia ou Musical e Melhor Atriz em Comédia ou Musical e DEVE (suposição baseada nas premiações preliminares) ter indicações ao Oscar nas categorias de Melhor Filme, Direção (Gerwig), Atriz (Ronan), Atriz Coadjuvante (Metcalf) e Roteiro Original, embora duvide bastante que algum deles seja premiado ou que todas estas sejam justas.
A diretora vem sendo nomeada aos prêmios, eu acredito, muito mais pelo teor político de inclusão que vivemos, do que realmente por merecimento ou demonstração de inovação, como vimos em outros trabalhos no ano de 2017, afinal, Lady Bird consegue nos divertir pelo seu bom roteiro e suas performances eficientes, nada além disso, nada que eleve o filme ao “panteão” dos grandes ou que o coloque como vencedor das principais categorias.
Nota 8,0
