Crítica | Troca de Rainhas (2018)
Em 1721, após anos de conflitos e disputas entre a França e a Espanha, um plano de aproximação entre os países é proposto por Felipe de Orléans (Olivier Gourmet), o regente da França: realizar dois casamentos arranjados entre os membros das famílias reais desses países. A ideia era apaziguar os ânimos e estreitar as relações diplomáticas entre as duas coroas.
Assim, ocorreu basicamente uma “troca de princesas“, título original do filme. Anna Maria Victoria (Juliane Lepoureau), a Infanta da Espanha, de 4 anos torna-se a esposa prometida de Luís XV (Igor van Dessel), de 11 anos, que em dois anos será o Rei francês. Anna é então enviada para o palácio de Versalles; e Luísa Isabel (Anamaria Vartolomei), filha do regente francês, aos 12 anos torna-se noiva do herdeiro do trono da Espanha, Dom Luís (Kacey Mottet Klein) e é enviada para o palácio real espanhol.
Baseado na obra literária L´Echange de Princesses, de Chantal Thomas, o roteiro foi adaptado pelo próprio autor do livro ao lado do diretor do filme, Marc Dugain.
Já Luisa Isabel, sente desprezo e raiva pelos costumes e pelo modelo de casamento arranjado que terá que cumprir, e assim, ela enfrenta os tradicionais costumes de sua nova família. A infanta da Espanha, por outro lado, ainda uma criança de 4 anos, vive um mundo lírico no qual entre as bonecas e brincadeiras, deseja acima de tudo ser a melhor rainha possível para a coroa Francesa.
O filme discute o próprio papel de Rainha e de mulher nessa época. A infanta da Espanha, por exemplo, fica muito próxima de uma senhora da corte francesa, a mãe do Príncipe Regente. As trocas entre essa idosa e essa criança produz cenas lindas, nas quais, como uma mentora, a senhora fala das funções da Rainha e escuta atenta o mundo lírico e apaixonante da pequena menina. Em uma das cenas do filme, ela conta para a menina com a franqueza de quem já foi rainha um dia, como é triste o fim da vida de uma rainha, que quando jovem é vista como símbolo de beleza mas depois que envelhece e cumpre seu papel de entregar herdeiros a coroa, é simplesmente desprezada, esquecida ou ridicularizada.
Em um tempo como o nosso com tanta polarização política, é sempre um bom exercício olhar para o passado para refletir sobre os caminhos da política hoje. Vemos no filme como na corte europeia todas as relações interpessoais estavam submetidas aos interesses das Coroas. E fica aqui a provocação: de que forma as relações interpessoais e o poder público se relacionam nos dias atuais?
Indicado ao César Awards desse ano, com uma direção de arte belíssima e incríveis atuações, vale a pena conferir Troca de Rainhas, que estreia nos cinemas nacionais nessa quinta-feira, 02 de Agosto.
Nota: 9