Crítica | A Mula (2018)
A Mula é um filme sem grandes riscos ou grandes apostas, mas tudo funciona muito bem em mais um projeto produzido e dirigido por Clint Eastwood, que também protagoniza o longa. Talvez, inclusive, as maiores qualidades do filme estejam diretamente ligadas à sua simplicidade, é importante diferenciar também que simples não quer dizer simplista, não é preciso reinventar a roda para tratar de temas basicamente universais em narrativas modernas.
O filme acompanha a história de Earl Stone, um senhor na casa do seus 80 anos, veterano da segunda guerra mundial e horticultor premiado pelas suas orquídeas. Mesmo sendo muito bom naquilo que faz, Earl resiste em se atualizar, o que faz com que ele entre em dificuldades financeiras ao longo dos anos e por fim perca a sua fazenda de orquídeas. Em busca de superar essa dificuldade, Earl acaba se tornando uma mula do cartel mexicano, transportando cocaína pelo estado de Illinois.
O seu histórico perfeito sem nenhuma multa, assim como sua idade avançada, acabam fazendo com que ele fique acima de todas as suspeitas, tornando-se a mula ideal. Dentro desse contexto é importante notar que a relação do protagonista com a sua família é parte fundamental da história, talvez sendo até um das principais razões pela qual ele resolve continuar fazendo o transporte da droga, embora o próprio filme deixe bastante claro que o maior problema entre o núcleo familiar do personagem de Eastwood e sua família não seja o dinheiro, mas esteja sim no núcleo emocional, especialmente por causa do distanciamento e a troca da família pelo trabalho.
A Mula é um filme seguro e bem feito, que vale a pena conferir. Algumas pessoas podem inclusive se identificar com alguns problemas da dinâmica familiar do filme. Tendo uma narrativa fácil de acompanhar e uma história interessante fica fácil de sentar e ser entretido, ao mesmo tempo em que é possível absorver as mensagens do filme a respeito dos seus principais temas, o tempo e a família.
Nota: 8,5