Crítica | 1917

Uma verdadeira aula de cinema! Aqui, somos jogados para dentro das trincheiras que marcaram a 1ª Guerra Mundial, ao acompanharmos a urgente missão dos cabos Tom Blake (Dean-Charles Chapman) e Will Schofield (George MacKay) numa corrida contra o tempo para que vidas de seus compatriotas britânicos sejam salvas, diante da armadilha iminente dos exércitos alemães.

E, aqui, sem qualquer cerimônia, pulamos diretamente para a qualidade técnica do filme. O longa, do diretor Sam Mendes, é um verdadeiro deleite aos amantes da 7ª arte! Os prêmios de som e fotografia já têm um dono no Oscar 2020! Esta última, por sinal, usou a lição dada Emmanuel Lubezki em Birdman e nos apresenta um plano-sequência ainda mais longo e eficiente, já que os falsos cortes de edição são imperceptíveis e vai desde a primeira cena até o seu desfecho – destaque para a cena noturna na cidade de Écoust, com os sinalizadores noturnos sendo atirados para o alto: ABSOLUTAMENTE FANTÁSTICA! Uma execução primorosa do mestre Roger Deakins (responsável SOMENTE pelas belíssimas cinematografias de Blade Runner 2049, O Assassinato de Jesse James Pelo Covarde Robert Ford e Onde os Fracos Não Tem Vez), que chega a sua 14ª indicação ao Oscar e levará o prêmio deste ano sem dúvida alguma.

Fazendo outra boa comparação e tratando do roteiro em si, o senso de imediatismo é muito mais eficiente aqui do que em Dunkirk, por exemplo (e olhe que aqui, Mendes não utilizou a trilha sonora “tik-tak tik-tak” para dar o tom das cenas). Muito disso, também, por força de uma mise-en-scène que não deixa seus atores principais saírem do nosso campo de visão.

E já que uma coisa leva a outra…

Aí é que entra a mão firme de uma boa direção! Sam Mendes (responsável por um dos filmes mais aclamados do cinema e um dos meus favoritos de todos os tempos, Beleza Americana) mostra porque é um dos grandes e supera, com facilidade, a película de seu compatriota Christopher Nolan, citada acima. Não que a direção de Nolan no filme de 2017 tenha sido menos admirável, mas, aqui, estamos diante de um diretor que conseguiu ser mais imersivo ao trazer o público para dentro da história, como um verdadeiro espectador privilegiado, que acompanha todos os movimentos, ações e emoções de seu protagonista! A mesma sensação é tida em Roma (2018) de Alfonso Cuarón.

1917 (que chega com 10 indicações ao Oscar 2020), é absolutamente fantástico, uma experiência para ser vivenciada dentro de uma sala de cinema, com a trilha sonora de Thomas Newman dando o tom emotivo no momento apropriado, afinal, você muito provavelmente estará diante daquele que será coroado com o prêmio máximo do cinema: o Oscar de Melhor Filme!

Fora todos os pontos geniais, 1917 possui um imbatível: o de refutar, COMPLETAMENTE, a ideia de que o cinema estaria entrando em uma decadência profunda. Então… OBRIGADO, SAM MENDES, por reacender a chama daqueles que amam a sala escura com suas poltronas, a pipoca quentinha com manteiga e refrigerante, e aquela “big screen” que tem o poder de nos manipular (no bom sentido da palavra) como nenhuma outra!

Nota 10,0

 

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