Crítica | Logan (2017)
Uma arma é uma ferramenta; Não melhor ou pior do que qualquer outra ferramenta: Um machado, uma pá ou qualquer coisa. Uma arma é tão boa ou tão ruim quanto o homem que a usa. Lembre-se disso. Nós todos seríamos muito melhores se não houvesse uma única arma deixada neste vale. – Os Brutos Também Amam (1953)
Hugh Jackman é mais uma, e pela última vez, o Logan. Ossos de Adamantium, garras retráteis, fator de cura invejável e barba maneira. Esqueça tudo o que você construiu em sua mente do Wolverine/Logan dos filmes da equipe X-Men, até porque nenhum deles existe mais. É 2029 e há muito tempo não nasce um mutante na terra. Devido ao seu fator de cura, Logan sobreviveu, escondendo sua verdadeira identidade e protegendo o fortemente debilitado Professor Xavier. Junto com o Caliban, são os 3 últimos mutantes vivos.
O filme não demora para mostrar o porquê de ter classificação indicativa de 18 anos. Sua primeira cena lhe prepara para a carnificina que virá nas rápidas duas horas que seguem e não, o filme não é só ação-pancada-grito, ação-pancadas-gritos. Temos uma prévia construção do universo a que estamos sendo apresentados. Seja através do recurso falado, como do visual e cinematográfico.
A fotografia é impecável, se adapta aos diferentes momentos do filme variando sua paleta de cores quentes a frias em questão de segundos para acompanhar os cortes rápidos e muitas vezes frenéticos que o diretor resolveu, sabiamente utilizar. E o jogo de câmera é feliz quando não busca o tradicional de cenas de ação com câmera tremida para tentativas fracassadas de disfarce dos dublês. A transição dublê — X-23, por exemplo, instaura certo terror ao nos fazer crer que é uma criança que está fazendo tudo aquilo, e o pior, você não está reprovando. O filme funciona.
Além das cenas de lutas impecáveis e acrobáticas, os efeitos especiais, quando usados, funcionam. Porém os efeitos mais práticos e inteligentes, feitos até com cortes de câmera são mais valiosos para o longa e trazem um clima mais humano para o filme. De repente não temos mais mutantes superpoderosos. Temos pessoas profundamente afetadas, Sobreviventes que fariam e dariam tudo para não estar ali.
Hugh Jackman está impecável. Sua interpretação cheia de nuances enriquecem o personagem que nunca tinha estado tão cru, natural. Wolverine sempre sofreu com seu passado, as cicatrizes nunca sararam, mas ele persistia. Agora, Logan está entregue e perdido. As viagens que realiza numa espécie de limusine servem para comprar as bebidas que o entorpecem quase o dia inteiro e é isso o que ele faz, além de cuidar do Professor Xavier.
O sofrimento deixa as pessoas mais verdadeiras. Temos um Professor X interpretado pelo Patrick Stewart no que podemos chamar sua “versão final”. Após passar por vários upgrades que acrescentaram palavrões a um pequeno pedaço de humor ácido misturado em sua sabedoria quase insana. Também a melhor interpretação do personagem até o momento.
Caliban é um dos mutantes mais valiosos para vilões, já que o seu poder é encontrar outros mutantes, então para que ter poderes que o ajudasse a se defender, principalmente quando até o sol o machuca? A saída é sacanear a vida e é isso que ele faz, se tornando, mesmo que em uma pequena parte do filme, o alívio cômico. O Humor é presente na obra, mas o drama dos personagens é tão forte que ele é encoberto. É muito pesado rir enquanto o Logan está encharcado em sangue e coberto de cicatrizes. Não confunda o pesado de Batman Vs Superman. Estão separados por um abismo e a anos luz.
A Dafne Keen interpreta a X-23 e seria redundante falar que ela também está muito bem no papel. Com aquela cara de “estou apenas observando” quase o tempo inteiro ela divide momentos fofos, tensos, engraçados e doloridos. Uma atriz que já tão pequena se mostra versátil. Vale mencionar o Boyd Holdbrook que interpreta o vilão do filme, fugindo completamente de seu papel em Narcos ele tem um pequeno espaço para mostrar e impor sua personalidade e o preenche com uma presença interessante.
Logan é o melhor filme de personagens X-Men e também é o melhor filme do Wolverine. Facilmente figurando no Top 3 dos melhores filmes de Super-Heróis e, na minha sincera opinião, ocupando o 1º lugar, ele pincela sangue e lágrimas para o desfecho perfeito de um gigante personagem.
Nota: 10
P.S.: Já começo minhas apostas para o Oscar 2018: Hugh Jackman indicado para Melhor Ator. (Salve boicotes)
P.S.2: Não tem cena pós-crédito!