Crítica | Liga da Justiça (com spoilers)
Crítica por: Phillipe Morais
O nosso Superman é capaz de sorrir. A sequência de abertura do filme, antes mesmo dos créditos iniciais, apresenta um breve clipe do Super, feito por duas crianças, o clipe mostra um lado do herói ainda não explorado no universo expandido DC. A partir da visão dessas duas crianças o filme tenta desde a sua sequência de abertura estabelecer uma visão diferente em relação ao nosso herói Kryptoniano, uma visão mais leve e otimista. Esses novos valores são definidos aqui como base fundamental, tanto para o filme da Liga da Justiça quanto para os demais filmes do universo, a palavra fundamental aqui é esperança, como fica claro no breve discurso do Superman, a esperança pode até parecer perdida como as chaves de um carro, mas se você procurar vai perceber que ela geralmente está por perto, assim como as chaves. Através dessa nova perspectiva vemos a imagem de um Superman, que embora carregue um enorme peso e seja um deus entre os homens é capaz de sorrir e discursar sobre esperança.
O primeiro ato do filme começa estabelecendo de maneira clara que o mundo ainda passa por um momento de luto pela morte do Superman. Nesse clima ainda de pesar e lamentação somos então reapresentados ao Batman de Ben Affleck, que ainda em sua primeira sequência no filme se depara com um parademônio, tipo de soldado insectoide do Lobo da Estepe, que é a grande ameaça do filme. A reapresentação da Mulher-Maravilha de Gal Gadot é eficiente embora mais programática, a nossa heroína impede um ataque terrorista em plena cidade de Londres, somos mais uma vez agraciados com o tema já icônico da personagem em uma boa cena de típico heroísmo. Vale destacar mais uma vez como o filme deixa clara a sua intenção, quando perguntada por um dos terroristas sobre quem ela seria sua resposta é muito clara, não somente em relação à personagem, como também em relação ao próprio filme “Eu sou alguém que acredita”.
A trama é ágil e não perde tempo com momentos que não tenham importância para a narrativa geral da história, então ainda nesse início de filme temos o primeiro contato do Batman de Affleck e o Aquaman de Jason Momoa, mesmo ainda sem entender completamente o quadro geral Batman acredita que a terra esteja desprotegida sem o Superman e próxima a mais uma invasão alienígena, daí a sua tentativa de reunir um time para enfrentar essa ameaça iminente, infelizmente esse primeiro contato não rende muitos frutos, já que segundo o Aquaman ele trabalha muito melhor sozinho.
Enquanto temos o vigilante de Gotham tentando montar seu time de heróis o filme apresenta o seu vilão, a primeira aparição de Lobo da Estepe acontece em Themyscira onde o vilão enfrenta as amazonas no resgate de uma das suas caixas maternas, que até então ainda não tiveram sua função explicada dentro do filme; toda a cena na ilha é muito interessante, a construção das amazonas no universo estendido DC volta a funcionar muito bem aqui. Após o embate, as amazonas se vêem obrigadas a avisar Diana sobre a gravidade do problema e que invasão já está aqui. O filme volta a mostrar eficiência nesse momento, temos o encontro de Diana e Bruce, onde a princesa amazona conta a antiga história sobre as caixas maternas e como elas são uma fonte de enorme poder, entendemos sobre a ideia de unidade “união das caixas”, assim como temos um flashback sobre a primeira tentativa de invasão da terra por Lobo da Estepe, derrotado pela união de homens, amazonas e atlantianos, vale destacar que temos o primeiro relance nesse flashback em relação à existência dos lanternas nesse novo universo cinematográfico DC.
O filme até aqui não parece se atropelar na quantidade de informações que precisa apresentar, seu ritmo segue eficiente. Temos então o segundo passo de Lobo da Estepe no resgate da segunda caixa materna, que está sobre a guarda dos Atlantis, assim como no caso da caixa sobre o poder das amazonas a tentativa é bem-sucedida e Aquaman é incapaz de impedir que a caixa seja levada, o que finalmente o faz reconsiderar a oferta de Bruce. Enquanto isso, Diana tem o seu primeiro contato com o Ciborgue, que também reluta em participar da equipe e logo depois acaba se vendo obrigado a mudar de posição.
Nesse momento temos o início da convergência dos heróis, Mulher Maravilha e Batman encabeçando a empreitada de reunir esse grupo para defender o planeta e um Flash interpretado por Ezra Miller que ainda desconhece a extensão de seus poderes, mas que entra para a equipe sem grandes questionamentos e claramente representa o deslumbramento do próprio publico por esse mundo ‘novo’, onde ele pode conhecer o Batman e a Batcaverna. Também é aqui que temos a primeira grande cena de batalha do filme, que funciona bem para uma primeira interação dos heróis, temos a apresentação do mais novo veículo do Batman o Nightcrawler, a ação funciona muito bem, diverte e funciona como a primeira batalha em equipe do grupo.
Em poder de duas das três caixas maternas Lobo da Estepe está bem à frente dos nossos heróis, nesse momento de desvantagem quando o Ciborgue apresenta aos outros heróis a terceira e última caixa, que havia sido usada por seu pai para salvar sua vida e dado origem aos seus poderes, Bruce sugere que eles utilizem a tecnologia da caixa para trazer Superman de volta, embora Diana se oponha, alertando sobre o desconhecimento do poder das caixas, o grupo acaba escolhendo tentar. Essa escolha narrativa do filme é bastante questionável, mas o fato é que no final das contas eles conseguem trazer o Super de volta a vida, temos uma breve cena de um Clark completamente desnorteado e que voa para longe com Lois Lane enquanto a última caixa caindo nas mãos do vilão.
Seguimos então para o final da aventura com um Clark Kent tentando se conectar novamente ao mundo, reencontrando a mãe e voltando a fazenda da família ou como ele mesmo diz “o lar”, ao mesmo tempo temos os demais heróis na busca por Lobo da Estepe para impedir que ele utilize as caixas. A sequência final é bastante carregada de ação, explosões e uma boa dose de luta corpo a corpo com o vilão, todos os heróis funcionam muito bem nesse momento e o melhor é observar a química entre os atores que funciona bem, em especial com a volta do Superman no meio da batalha. O resultado final é um filme divertido, com alguns tropeços, mas uma identidade própria e bastante focado em estabelecer um novo paradigma para o universo, um paradigma focado na mensagem principal do filme e reiterado pelas palavras de Lois o fechamento da aventura, uma mensagem de esperança.
Nota: 8