Crítica | As boas Maneiras (2018)

Algumas vezes acontece de um filme falhar de tantas maneiras diferentes que a parte divertida em assistir se torna rir de tudo para não chorar de decepção. As boas maneiras tenta ser muitas coisas, uma fábula, um filme trash, um filme sério, um comentário social, mas falha na montagem desse Frankenstein. Não é digo que não se possa misturar elementos e gêneros, mas é preciso um certo cuidado na construção de uma história de caráter narrativo múltiplo e aparentemente isso não existe aqui.

O filme se divide em duas partes que destoam completamente em ritmo e em narrativa, na base de As boas maneiras temos a personagem Ana (Marjorie Estiano) que está grávida e resolve contratar uma babá antes mesmo do nascimento de seu filho, somos então apresentados a Clara (Isabel Zuaa) que representa em tela o estereótipo da babá negra de origem periférica. Nesse primeiro momento o filme consegue prender a atenção em certos momentos, mesmo com personagens estereotipados e uma narrativa que é relativamente previsível. Existe também uma discrepância entre as atrizes, que incomoda, e em muitos momentos parecem estar em filmes diferentes. O tom das personagens não se encaixa, assim como o relacionamento que elas estabelecem em geral parece forçado e gratuito.

Saindo dessa primeira parte e entrando no segundo momento de As boas maneiras, que é claramente uma história de 2 filmes em 1, as coisas começam a ficar ainda mais estranhas; mas não de um jeito bom. O filme cai em uma narrativa trash e com sequências risíveis, fica confuso saber se era uma tentativa de homenagem ao terror clássico ou aos próprios filmes trash, ou se foi apenas um problema de má execução. Essa confusão em saber se o filme simplesmente foi mal executado ou se as sequências dessa segunda parte são propositalmente ruins, são o maior problema do filme; o terror não funciona como terror e sim como comédia e o elemento de fábula se perde no tosco, um tosco ruim, que infelizmente parece que se leva a sério em alguns momentos.

Todo filme vale a pena, até mesmo o filme ruim. Esse é o caso de As boas maneiras, um filme que não serve como comentário social e mais trash que terror, sem saber muito bem qual dos dois ele deveria ser. Existem sequências extremamente engraçadas envolvendo o sobrenatural, assim como algumas sequências musicais que vem de lugar nenhum e vão para lugar algum. A trama é extremamente absurda, mas infelizmente o absurdo que deveria ser a parte mais interessante do filme é na verdade o que faz ele se tornar desinteressante e ruim, a graça é conseguir se divertir com a ruindade.

 

Nota: 3/10

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