Coluna | A Colina Escarlate: A volta de Del Toro ao cinema de terror

A estória de fantasmas escrita e dirigida pelo aclamado Guilhermo del Toro, com atuações de Mia Wasikowska (já um tanto conhecida por papéis em filmes góticos ou nonsense), Tom Hiddleston e Jessica Chastain, não foi um grande sucesso de público e nem de crítica, mas conseguiu a proeza de ser muito elogiado pela maior referência na literatura de terror atual, Stephen King. Comparado ao clássico The Evil Dead (1981) pelo mestre do terror literário, A Colina Escarlate (2015) é na verdade um dos filmes mais fracos de Del Toro.

A Colina Escarlate gira em torno da escritora Edith Cushing que vive sozinha com o pai na América e depois de conhecer Sir Thomas Sharpe, inventor inglês, casa-se com ele e se muda para a mansão na colina em que os irmãos Sharpe vivem. A colina produz um barro vermelho que, no inverno, tinge a neve de um tom avermelhado como sangue, o que entrega completamente a direção de Del Toro, que adora encher de sangue todos os seus filmes. A estória tem clara inspiração no livro Rebecca de Daphne Du Maurier e Jane Eyre de Charlotte Brontë. Se passa no início do século XX, mas tem muitas referências ao estilo gótico vitoriano, a mansão antiga e assombrada, personagens taciturnos e misteriosos e relacionamentos românticos atribulados.

Para os fãs de dramas de período, o filme é até satisfatório e divertido. O terror que se desenrola na trama é tradicional, fantasmas e, naturalmente, mulheres loucas – pensamos que esse trope ficaria lá nos anos 40, mas infelizmente ele sobreviveu. No entanto, A Colina Escarlate não consegue ser nem exatamente um filme de terror e nem um drama de época, é alguma coisa no meio disso.

As atuações são louváveis, além do papel de Chastain, como a irmã histérica do mocinho vitimizado, nenhum outro personagem demanda alguma coisa além do esperado. A trilha sonora e os efeitos especiais são tão tradicionais quanto o plot. O traje de cena e a fotografia, por outro lado, são de fato muito bem trabalhados! Como sempre, Del Toro nunca perde a preocupação pela estética de seus filmes. Sem se desprender do estilo “eduardiano”, o fugurino consegue trazer um toque de fantasia quase à la Tim Burton. A fotografia, muito caraterística nos filmes do diretor, consegue demarcar muito bem seu estilo, além de acrescentar à atmosfera gótica que o filme se propõe entregar.

Com aprovação de 72% no Rotten Tomatoes, A Colina Escarlate não parece chegar no alto patamar de outros grandes títulos do diretor, como O Labirinto do Fauno e A espinha do diabo, mas é um bom filme para quem gosta de romances históricos ou fantasias convencionais.

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