Coluna | Versão Brasileira: Herbert Richers

Quantas vezes você já ouviu essa frase? Aposto que muitas. Eu ouvi muitas e muitas vezes na “Sessão da Tarde”. E ainda ficava aguardando para falar junto. Mas, assim como eu, você deve ter percebido que essa frase passou a surgir com menos frequência de uns anos pra cá. Por isso, vamos descobrir quem é Herbert Richers; por que ouvimos tanto esse nome e agora quase não ouvimos mais?.

Herbert Richers foi produtor de cinema e empresário brasileiro. Viveu de 1923 a 2009. Por volta da década de 1950, foi produtor de cinema da Atlântida Cinematográfica. Foi no início da mesma que fundou a Herbert Richers S.A. Lá, passou a produzir e fazer a distribuição de filmes para o cinema. Por sua amizade com Walt Disney, Herbert conheceu o sistema de dublagem, que em Hollywood já era bastante difundido.  Assim, o sistema como é conhecido hoje em dia foi trazido por ele, que passou a produzir dublagem de filmes para exibição na TV.

Herbert Richers S.A.

Fachada dos estúdios Herbert Richers S.A. Foto: Divulgação.

A Herbert Richers S.A. foi um dos primeiros estúdios de dublagem e legendagem no Brasil. No seu auge de atuação, chegou a dublar uma média de 150 horas de filmes por mês. Isso correspondia a 70% dos filmes veiculados no cinema no Brasil. A lista de filmes dublados por ela é imensa. Junto com os estúdios de dublagem, haviam estúdios de gravação audiovisual. Segundo Herbert Richers Junior, os estúdios de seu pai chegaram a ter mais atores que a própria Rede Globo.

A Globo, inclusive, chegou a arrendar os estúdios da Herbert Richers S.A. antes de centralizar suas produções no Projac. Algumas novelas foram gravadas lá, das quais destaca-se “Dancing Days”.

No entanto, a empresa não sobreviveu ao surgimento de concorrentes que cobravam mais barato pelos trabalhos. As dívidas começaram a crescer e houveram tentativas de leiloar alguns equipamentos, mas não foram eficientes. Dessa maneira, o estúdio teve suas portas fechadas com 8 milhões de reais de dívidas trabalhistas e o prédio foi vendido a um grupo de empresários por 1,7 milhão. Infelizmente, no dia 2 de novembro de 2012, o prédio foi atingido por um incêndio.

Sobre o trabalho de Herbert Richers

Após conhecer melhor a história do estúdio e ouvir depoimentos de Herbert Richers Junior, minha admiração por Herbert Richers cresceu. Visto que eu que já era grata por poder entender os filmes que passavam na TV quando era criança, passei a admirar também a forma como conduzia seu trabalho. Richers conduzia seus atores de forma exigente, resultando num trabalho de dublagem quase impecável, em que era praticamente imperceptível notar que o filme era dublado em muitas das suas produções.

Herbert Richers Junior em entrevista no programa ‘The Noite’. Foto: Gabriel Cardoso/SBT

Além de ser um dos pioneiros da área no Brasil, era cuidadoso e exigente com o trabalho entregue ao público. A pressa do mundo moderno, o aumento da quantidade de filmes a serem dublados e a concorrência desleal fizeram um dos maiores (talvez o maior) estúdio de dublagem do Brasil fechar as portas. Entretanto, o trabalho primoroso de Herbert Richers foi essencial para chegar a tudo que temos e sabemos hoje na dublagem. Eu assisti e indico, a quem se interessou pela história da figura de Herbert e seus estúdios, a entrevista concedida por Herbert Richers Junior a Danilo Gentili, no programa “The Noite”. Nela, Herbert Jr. conta um pouco sobre como funcionava o estúdio, sua experiência com o trabalho do pai e o próprio pai, uma teoria incrível sobre dublagem e o fim das atividades da empresa.

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Ana Marques20 Posts

25 anos, Bacharel em Química, cursando Jornalismo. Apaixonada por comunicação, livros, cinema, comida, música, automobilismo, muay thai e dublagem.

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