Coluna | “IT’S ALIVE!”: Frankenstein, um clássico absoluto do terror e da ficção científica

Baseado no clássico de Mary Shelley e que foi o fundador da ficção científica, Frankenstein (1931) do diretor James Whale é um dos filmes mais importantes do cinema! Com atuações louváveis de Colin Clive, Dwight Frye e, especialmente, Boris Karloff, a trama fantástica que questiona a origem da vida, deu continuidade – e mais intensidade! – ao frenesi iniciado com a publicação do livro de Shelley em 1818 e que ainda é uma presença real na cultura pop.

O filme conta a subversiva estória do Dr. Frankenstein que, após se tornar um acadêmico nos estudos mais ocultos da filosofia natural, começa um terrível experimento que, em termos científicos, dá certo, mas em termos éticos, nem tanto. Coletando corpos mortos com a ajuda de um assistente estranho, o médico dá vida à uma criatura horrenda e que, na descrição da própria Shelley, nem Dante conseguiria conceber. Sua aparência anormal e sua total ignorância para com as estruturas da civilização, fazem com que todos o odeiem e o transformem num monstro assassino.


Apesar da curta duração de 70 minutos, o filme entrega uma estória inovadora e suficientemente aterrorizante para o público dos anos 30. Aos olhos atuais, tudo parece meio exagerado, cômico e mal-feito, o que seria um julgamento injusto. Frankenstein é uma obra-prima do cinema de horror e foi responsável pela criação de uma narrativa predominante no imaginário popular sobre a criatura de Shelley. O monstro que mal é descrito no livro (o que não é uma falha, apenas uma característica do estilo gótico vitoriano), toma uma forma impressionante e inesquecível em sua adaptação.

Para os fãs do livro de Shelley (que completa seus 200 anos), o filme não faz muita justiça à narrativa bonita e brilhante que é muito mais do que uma simples estória de terror, mas um escrito filosófico e político, uma homenagem moderna ao Prometeu clássico. James Whale escolheu não adaptar fielmente a obra, uma vez que era muito mais radical do que poderia ser aprovado nos primeiros anos do século XX, mas as referências principais permanecem. As ideias de Rousseau a respeito da corrupção do homem, as teorias de John Locke sobre os seres humanos serem semelhantes à uma tábula rasa e as noções filosófico-sociais de William Godwin continuam permeando a estória. Porém, se comparado em termos técnicos à obra que se propõe adaptar, perde, de fato, em construção narrativa. No entanto, a criatura que não só fala com eloquência impressionante mas chega até a citar o Paraíso Perdido de Milton no livro, o que o humaniza diante dos leitores, no filme torna-se um monstro de maneiras bestializadas, capaz de causar maior repulsa em quem está assistindo, o que, para um filme de terror, é excelente.

Influência para grandes títulos como Edward Scissorhands e Frankenweenie de Tim Burton, a estória do monstro que superou seu criador e absorveu seu nome libertou-se com impressionante desenvoltura das margens do tempo. Com aprovação de 100% no Rotten Tomatoes, Frankenstein – em qualquer que seja sua versão – é uma obra poderosa e atemporal.

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