Crítica | O primeiro homem (2018)
Muitos se propõem a retratar a humanidade através da arte, alguns acreditam até que essa seja a função do que conhecemos por arte, mas poucos tem a sensibilidade necessária para fotografar a condição humana de uma forma suficientemente rica e que evidencie as pequenas nuances, aquilo de melhor e pior dentro do que torna algo ou alguém fundamentalmente humano. É justamente nessa tentativa de fotografar o humano que O primeiro homem de Damien Chazelle se destaca e brilha.
O filme tem como plano de fundo a corrida espacial entre os EUA e União soviética, focado especialmente na figura do astronauta Neil Armstrong Ryan Gosling , que está muito bem no papel, assim como Claire Foy , que interpreta Janet Armstrong a esposa de Neil Armstrong. Embora escolhendo um recorte pequeno da vida do astronauta, os oito anos desde a seleção para o programa espacial até a missão da Apollo 11, o filme consegue apresentar um protagonista extremamente bem trabalhado do ponto de vista psicológico, o que se deve a atuação de Gosling e ao roteiro, sempre claro o suficiente e nunca expositivo demais. O ponto principal da história não é chegar a lua, embora ela funcione como uma metáfora dentro da narrativa, retornar é o ponto principal. O longa cresce de maneira extraordinária quando tomamos o distanciamento necessário para entender o que está acontecendo em uma escala micro, dentro de cada uma das personagens.
O primeiro homem é um filme sensível e humano, com algumas limitações dentro desse retrato ligadas especialmente a quem o dirige, mas de maneira geral é extremamente bem conduzido e autuado, com um ótimo texto e cinematografia. Aqueles que procuram alguma coisa a mais dentro da sala de cinema não devem sair desapontados de suas sessões, o trato de temas difíceis como amor e luto se desenrola de maneira rica e crível dentro da história, certamente uma recomendação fácil a quem gosta de cinema, especialmente aqueles que já admiram o trabalho do diretor desde Whiplash.
Nota: 9